Pesquisa liga nascimento por cesárea a aumento de risco de obesidade

Estudo foi feito com 22 mil pessoas

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Estudo foi feito com 22 mil pessoas

Uma grande pesquisa realizada nos Estados Unidos sugere que crianças que nasceram de cesárea têm um risco maior de desenvolver obesidade principalmente quando comparadas a irmãos nascidos de parto normal.

Os pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard afirmaram que isto pode ocorrer porque os bebês nascidos de parto normal são expostos a bactérias saudáveis presentes no corpo da mãe que têm um papel importante para regular a dieta.

No entanto, outros especialistas disseram que podem haver outros fatores que influenciam a saúde da criança no futuro.

Entre estes fatores podem estar a dieta da mãe, se ela teve diabetes durante a gravidez e se o bebê foi amamentado.

Bebês que nascem de cesárea têm menos chances de ser amamentados e já foi mostrado que a falta de leite materno no início da vida pode aumentar o risco de obesidade.

E, claro, a dieta da criança também afeta o peso dela no futuro.

O estudo, publicado na revista especializada Jama Pediatrics, acompanhou 22 mil bebês até a idade adulta.

Causa

No estudo, os pesquisadores americanos da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard e outras instituições do país descobriram, depois de fazer ajustes que levavam em conta vários fatores incluindo o peso e a dieta da mãe, que os bebês que nasceram por cesárea tinham 15% mais chances de desenvolver obesidade.

Em famílias nas quais os filhos nasceram com métodos diferentes, os que nasceram por cesárea tinham 64% mais chances de ser obesos do que os irmãos e irmãs nascidos por parto normal.

Mas os pesquisadores não afirmam categoricamente que a cesárea é a causa da obesidade ou explicam os mecanismos por trás da ligação entre este tipo de parto e a obesidade.

De acordo com eles, a melhor possibilidade de explicação é a diferença existentes na microbiota intestinal (ou flora intestinal) entre os bebês nascidos em diferentes tipos de parto.

A microbiota ou flora intestinal é o termo usado para descrever os micróbios que colonizam nossos corpos e que variam de uma pessoa para outra.

Para as mães que fazem cesárea uma técnica para passar estas bactérias saudáveis para os bebês é a chamada “seeding” (“semeadura”), na qual o fluido vaginal que têm esta flora bacteriana é passado na criança. Mas os médicos afirmam que esta técnica não está livre de riscos de infecção.

Simon Cork, pesquisador associado do Departamento de Medicina Investigativa do Imperial College de Londres, afirmou que existem muitos fatores a serem considerados quando se trata do risco de obesidade em uma criança e não apenas o tipo de parto que tiveram.

“No geral a bibliografia que cerca esta área sugere que pode haver uma ligação entre a cesárea e a obesidade. Mas esta ligação não está totalmente comprovada e nem compreendida.”

“Os partos por cesárea são, mais frequentemente, resultado de uma necessidade médica ao invés de serem eletivos, e, por isso, este risco superaria qualquer preocupação da mãe com a possibilidade no futuro de problemas ligados ao peso (da criança)”, explicou Cork.

Mas o Brasil tem o mais alto índice de cesarianas do planeta. O Ministério da Saúde considera uma epidemia: 84% dos partos na rede privada são cesáreas e na rede pública a taxa é de 40%.

O recomendado pela OMS é de 15%.

Escolha

Neena Modi, presidente do Royal College of Paediatrics and Child Health, na Grã-Bretanha, afirmou que ainda são necessárias mais pesquisas para comprovar se a cesárea aumenta mesmo a possibilidade de obesidade da criança.

“A cesariana pode salvar as vidas de mulheres e seus filhos. Mas muitas mulheres hoje estão considerando a possibilidade de uma cesárea quando não é indicação do médico.”

“É importante que elas sejam informadas sobre a possibilidade do aumento do risco de obesidade nos filhos padra ajudá-las a fazer uma escolha esclarecida”, alertou.

“Também é importante para os pais se concentrarem em fatores que podem influenciar e que definitivamente tem um impacto na saúde da criança. Isto inclui manter um peso saudável na época da concepção e durante a gravidez”, acrescentou.

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