Depois de ter série de recursos negados para evitar despejo, Maria Thereza Trad – irmã dos ex-prefeitos Marquinhos e Nelsinho Trad – pediu para a Justiça marcar audiência de conciliação com o locador do imóvel onde mora, um apartamento no Jardim dos Estados, o empreiteiro André Luiz dos Santos, o Patrola. Ele é apontado pelo MP (Ministério Público) como ‘laranja’ de políticos e foi denunciado por desvios de R$ 300 milhões em contratos firmados na gestão de Marquinhos Trad.
Em pedido feito à Justiça nesta segunda-feira (03), Tetê lista uma série de recursos que foram negados a ela e, sem alternativas, solicita que seja marcada audiência de conciliação para tentar chegar a um acordo com o empreiteiro.
O imbróglio começou quando Patrola entrou na Justiça para determinar o despejo de Tetê de seu apartamento, que aluga para a Trad, alegando inadimplência. Inclusive, no dia 22 de janeiro, o empreiteiro reforçou à Justiça pedido para que seja empregada força policial para retirar a Trad do imóvel.
Por outro lado, Tetê aponta que não foi notificada e pediu na Justiça para abater valores na monta de R$ 201 mil, que diz terem sido gastos com benfeitorias no imóvel. Ela quer que essa quantia seja abatida da dívida apontada pelo locador, que está na casa dos R$ 214.063,24.
Agora, o juiz Maurício Petrauski irá analisar os pedidos e proferir uma decisão.
No processo contra Tetê, o desembargador Dorival Renato Pavan já tinha determinado a suspensão do despejo, mas voltou atrás da decisão e anulou liminar.
Patrola é denunciado por corrupção
A primeira fase da Operação Cascalhos de Areia reuniu indícios que apontam para suposta rede de empreiteiras nas mãos de laranjas, a princípio comandadas por Patrola.
Assim, Patrola e outros empreiteiros foram denunciados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por desvios em contratos de cascalhamento e locação de máquinas que ultrapassam R$ 300 milhões, segundo investigações. A maioria dos contratos foi firmada durante a gestão do ex-prefeito Marquinhos Trad.
A denúncia foi feita mês passado pelo MPMS e aguarda análise do juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal de Campo Grande. Também figuram entre os denunciados o ex-secretário de obras da Prefeitura de Campo Grande, Rudi Fioresi, empreiteiros, supostos laranjas da organização criminosa e servidores.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, no total 12 pessoas foram denunciadas por crimes como peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro.
André Luiz dos Santos seria o operador do esquema de ‘laranjas’ para comprar as empresas e, assim, vencer todas as licitações de cascalhamento em Campo Grande. Trata-se de contratos difíceis de aferir a comprovação dos serviços.
Todas as empreiteiras têm contratos desde 2017 na Prefeitura de Campo Grande, ou seja, durante a gestão do ex-prefeito Marquinhos Trad. Os servidores alvos da investigação também foram nomeados pelo ex-prefeito.
À reportagem do Jornal Midiamax, Marquinhos disse que “todos os contratos de responsabilidade do gestor foram feitos e aprovados pela procuradoria-geral do município e controladoria de transparência. Não fiz e não faço parte dessa relação processual”. Além disso, negou ter praticado qualquer ato ilegal: “Todos os meus atos foram proclamados pelo MP como lícitos e legais”.