Pivô de fraudes no Detran-MS, despachante completa três meses foragido
David Cloky Hoffaman Chita responde a duas ações por fraudes no órgão de trânsito
Gabriel Maymone –
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O despachante David Cloky Hoffaman Chita completa três meses foragido da Justiça. Desde a primeira tentativa da polícia em prendê-lo, no dia 12 de junho, ele não foi localizado.
O pedido de prisão do qual David tenta se livrar foi expedido após o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) revelar novo esquema de fraudes ao sistema do Detran-MS (Departamento de Trânsito de MS) comandado pelo despachante. A polícia acredita que o grupo teria lucrado pelo menos R$ 2 milhões.
Vale ressaltar que a defesa de David tenta revogar o mandado de prisão. No entanto, já teve dois pedidos de HC (Habeas Corpus) negados pela Justiça. O mais recente no último dia 3 de setembro.
Em 24 de julho, os desembargadores já haviam negado, por unanimidade, outro pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de David.
O advogado de David, Wilson Tavares, foi procurado pela reportagem, mas não respondeu aos questionamentos. O espaço segue aberto para posicionamento.
Leia também – Justiça vai atrás de pessoas ligadas a despachante pivô de fraudes no Detran-MS que está foragido há dois meses
Pesa fato de réu estar foragido
Na decisão de julho, os desembargadores consideraram o fato de David estar foragido desde 12 de junho, quando policiais tentaram cumprir mandado de prisão contra o despachante, mas foram informados pelo enteado dele que estaria há dois meses no estado de São Paulo, sem informar qual município.
“Outrossim, se o réu está foragido não há que falar em ilegalidade da ordem de custódia preventiva, visto que se mostra evidente o intuito furtivo, cabendo a medida extrema para garantir a aplicação da lei penal”, diz trecho do acórdão.
Ainda conforme a decisão, os crimes imputados a David são graves: “Não há que se falar em ilegalidade da prisão preventiva quando, além da comprovação da materialidade e da existência de indícios suficientes de autoria, o decreto prisional se justifica em decorrência da gravidade concreta dos crimes imputados ao paciente (integrar organização criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informação e corrupção passiva), bem como em razão da conveniência da instrução criminal”.
David agia com servidora da corregedoria do Detran
Conforme investigação policial, o esquema era comandado pelo despachante em conluio com a servidora comissionada do Detran-MS, Yasmin Osório Cabral, que ficou presa por dois meses e solta com tornozeleira após informar à Justiça que está grávida – ela também está suspensa das funções por seis meses.
Conforme a polícia, a servidora obtinha clandestinamente senha de outros servidores, acessava o sistema e identificava caminhões com restrições. Então, passava informações para David, que exigia o pagamento de R$ 10 mil dos proprietários para liberar os veículos.
Assim, ao receber os valores, a servidora liberava as restrições no sistema e o despachante baixava a documentação. Ao menos 200 veículos liberados irregularmente pelo grupo estão identificados.
Despachante é réu por outra fraude no Detran-MS
Conhecido das autoridades por práticas de fraudes ao sistema do Detran-MS, David também se tornou réu em investigações decorrentes da Operação Miríade. Da mesma forma, viraram réus Genis Garcia Barbosa, Eufrásio Ojeda e Abner Aguiar Fabre.
A operação, deflagrada em junho de 2023, desmantelou esquema de fraudes no Detran-MS. O esquema era basicamente esquentar documentação de veículos com restrições, em procedimentos que incluíam até vistorias fakes, para torná-los aptos a comercialização.
Já o HC negado pela Justiça trata sobre o mandado de prisão expedido em 29 de maio, pela juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, enquadra David nos seguintes crimes: enriquecimento ilícito, peculato e associação criminosa.
Durante tentativa de policiais do Dracco em cumprir o mandado de prisão contra David, o enteado dele afirmou à equipe que o despachante e a esposa teriam viajado para um município no estado de São Paulo – que ele não soube informar qual – desde abril.
A reportagem procurou a defesa de David, que ficou de emitir nota sobre as acusações, o que não ocorreu até a publicação deste material. O espaço segue aberto para posicionamento.
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