Beto Pereira culpa ‘bebedeira’ por denúncia sobre compra de voto, mas admite que estava no local de adesivagem

MP eleitoral investiga candidato do PSDB após receber denúncia de adesivagem em troca de gasolina e cerveja

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Imagens foram anexadas à denúncia e serão investigadas pelo MP Eleitoral (Reprodução)

Investigado pelo Ministério Público Eleitoral após denúncia de que estaria trocando adesivagem por gasolina e cerveja, Beto Pereira (PSDB) disse que o comerciante que ‘anunciou’ o esquema estaria bêbado. Apesar disso, admitiu que estava, de fato, no local, em ‘ação de adesivagem de veículos e pedindo voto’.

A denúncia a qual o MP Eleitoral investiga chegou após o dono de uma conveniência anunciar em seus stories que estaria ocorrendo a ação no bairro Los Angeles. Ele anunciou descaradamente: “Galera, quem quiser vir aqui adesivar o carro e a moto ganha a gasolina”. Não fosse o bastante, ainda oferece cerveja em troca: “Quem quiser cerveja damos uma caixa por carro skol e brahma”.

No story seguinte, exibe uma foto com aglomeração de pessoas e adesivo do candidato à prefeitura de Campo Grande pelo PSDB, Beto Pereira, e da candidata à vereadora Silvana Macedo, do PSB.

Conforme a defesa do candidato do PSDB à prefeitura de Campo Grande, a pessoa que viu os stories anunciando claramente adesivagem em troca de gasolina e cerveja teria feito a denúncia apenas com objetivo de ‘macular a imagem do candidato Beto Pereira’.

No documento anexado à investigação do MP, Beto afirma que o comerciante que postou os stories estava ‘distante’ do candidato e “ao ver aquela cena, e sob os efeitos da bebida alcoólica que estava ingerindo com alguns amigos, realizou uma postagem em seu ‘status’”, diz trecho da defesa do candidato do PSDB.

Então, a defesa de Beto anexou declaração em cartório feita pelo comerciante. No documento, o homem diz que estava em sua conveniência bebendo com alguns amigos, quando “avistamos um ato de adesivagem e foi quando postei no meu status uma brincadeira com meus clientes e amigos, que estaria tendo adesivo”.

Ainda, considerou que “sou apenas comerciante com amigos que numa infelicidade deu nisso”. Por fim, afirma não ter vínculo com partido político algum ou com os candidatos e que não ‘vi nada disso no evento de adesivagem dos candidatos’.

MP Eleitoral investiga denúncia contra Beto Pereira

A denúncia foi feita anonimamente no dia 3 de setembro e recebida pelo ouvidor do MPMS, o promotor de Justiça, Renzo Siufi, que deu os encaminhamentos iniciais.

Então, foi recebida pela promotora eleitoral da 36ª Zona Eleitoral, Grázia Strobel da Silva Gaifatto. “Trata-se de expediente recebido por meio da Canal da Ouvidoria do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, e distribuído a esta Promotoria sob o n°. 11.2024.00003617-7, noticiando eventual ocorrência de corrupção eleitoral (art. 299, do Código Eleitoral)“.

Por fim, determinou que seja instaurada notícia de fato para investigar a denúncia. “Preliminarmente, considerando que os fatos indicados podem configurar a prática de crime eleitoral, EVOLUA-SE o presente para Notícia de Fato“, diz a promotora.

Corrupção eleitoral

Caso seja confirmada a denúncia, os responsáveis podem responder pelo crime de corrupção eleitoral, art. 299 do Código Eleitoral Brasileiro.

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:

Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

A assessoria de comunicação do candidato Beto Pereira enviou nota sobre a denúncia. “Desconhecemos os fatos, repudiamos qualquer ação nesse sentido e tal prática não é de nossa responsabilidade”.

A candidata Silvana Macedo também foi procurada pela reportagem. Pelas redes sociais, a candidata informou que “desconhece os fatos apontados na denúncia anônima, não compactua com qualquer fato ou ato que não esteja dentro das regras eleitorais e repudia qualquer oferecimento de vantagem em troca de votos”.

Além disso, informou que acionou a equipe jurídica para apurar os fatos. “Nossa equipe jurídica foi acionada para apurar a armação política contra sua candidatura e tomaremos medidas cabíveis para punir os envolvidos”, disse.

As informações constam em procedimento público que está disponível para consulta no portal do MP.

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