MPMS fala em apreensões ‘substanciais’ e prevê denunciar investigados por fraude no Detran-MS em breve

Deflagrada na terça-feira (11), Operação Recurso Privilegiado resultou no recolhimento de celulares, computadores e documentos

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Entrada do Detran-MS em Campo Grande
Entrada do Detran-MS em Campo Grande

O MPMS (Ministério Público Estadual) prevê denunciar “em breve” investigados na Operação Recurso Privilegiado, deflagrada na última terça-feira (11). A ofensiva apura esquema de fraude no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) para anular multas de motoristas mediante pagamento de propina.

Segundo o promotor de Justiça à frente da investigação, Fábio Ianni Goldfinger, da 30ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, foram apreendidos celulares, computadores e documentos. Ele considera que os materiais recolhidos são “substanciais” para embasar uma denúncia.

A operação resultou na prisão em flagrante de Fabiano Rios Ferreira, pelos crimes de falsidade ideológica e posse irregular de arma de fogo de uso permitido. Agentes encontraram com ele lâminas de cheques sem preenchimento em nome de uma terceira, sete carimbos de cartórios e de autarquias, nove CNHs (Carteiras Nacionais de Habilitação), cinco documentos de identidade e um CPF, além de munição calibre 357.

A funcionária pública Juliana Cardoso Moraes, hoje lotada na Segov (Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica), também está na lista de investigados da Recurso Privilegiado. Até o ano passado ela atuava como chefe da Divisão de Multas do Detran-MS.

De acordo com o MPMS, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Campo Grande e São Gabriel do Oeste. A sede do Detran-MS, na saída para Rochedo, não foi alvo.

Esquema limpava multas de ‘playboys’

A operação é continuidade de investigação revelada em reportagem do Midiamax  em junho de 2020, que descreve o esquema no órgão para limpar multas de “playboys” que cometiam infrações gravíssimas, como manobras perigosas de arrancada e derrapagem, bem como rachas.

Além da multa pesada, as irregularidades podem resultar na suspensão do direito de dirigir e na apreensão do veículo, geralmente carros de luxo ou camionetes de alta performance. Para anular as multas e se livrar do risco de perder a CNH, os motoristas pagavam de R$ 3 a R$ 5 mil.

Em geral, quem recorria ao esquema tinha alto poder aquisitivo e cometia as infrações em regiões nobres de Campo Grande. Conforme apurado pelo Midiamax, as multas aplicadas aos motoristas que pagavam propina para o grupo simplesmente sumiam do sistema do Detran-MS, ou sequer chegavam a ser inseridas.

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