Pular para o conteúdo
Transparência

Desmatamento em fazenda alvo da Operação Vostok é motivo de briga judicial

Justiça condenou responsáveis à recuperação ambiental, mas réus recorreram
Arquivo -

A juíza Luiza Vieira Sá de Figueiredo, da Vara Única de Corumbá, a 425 quilômetros de , condenou Élvio Rodrigues e a esposa Sonia Oliveira Rodrigues ao pagamento de R$ 50 por cada um dos 20 mil hectares desmatados da Fazenda Santa Mônica, localizada no Pantanal. O casal também terá que apresentar o Prade (Projeto de Recuperação de Área Degradada).

O imóvel pertence a Élvio, pecuarista investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Vostok. A ele foram atribuídas transações com notas fiscais frias somadas em mais de R$ 7,6 milhões, e a PF chegou a suspeitar que a propriedade rural havia sido adquirida com dinheiro de propina. Agora, marido e esposa lutam na Justiça alegando que o desmatamento havia sido autorizado.

Entenda

O MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Corumbá, instaurou inquérito para investigar a supressão vegetal em áreas do Pantanal, incluindo a Fazenda Santa Mônica. As informações são de que o (Instituto de de Mato Grosso do Sul) autorizou o desmatamento de 20.526 hectares.

No entanto, apesar do caráter legal da autorização, a decisão do Imasul não teria considerado o Zoneamento Ecológico Econômico do Estado, o Código Florestal e nem resoluções do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) que apontavam para risco ambiental. Neste sentido, o entendido do MPMS é de que havia falhas no termo de referência do Imasul.

“Para que não restem dúvidas das falhas graves no procedimento de licenciamento, basta observar que o Termo de Referência emitido pelo órgão ambiental estadual (IMASUL) ocorreu em 02 de maio de 2016 , e o EIA [Estudo de Impacto Ambiental] é do mesmo mês e ano. E, o que é pior, os levantamentos de campo são datados de anos anteriores ao próprio Termo de Referência, o que demonstra a absoluta falta de critério e seriedade em todo o procedimento administrativo, e pode levar a graves danos ambientais. De início, cita-se que o Termo de Referência não foi elaborado com a especificidade que o bioma do Pantanal necessita para sua conservação”, lê-se na ação apresentada pelo MPMS.

Sentença

Ao analisar o pedido do MPMS, a juíza entendeu que o procedimento de licenciamento ambiental não se atentou a leis e regulamentações específicas, motivo pelo qual a autorização foi anulada. Ela ressaltou ainda que a supressão vegetal de 20.526,1669 hectares no bioma compromete o ecossistema, porque pode causar o atropelamento e afugentamento de animais silvestres, a alteração da qualidade do ar, a contaminação do solo, incêndios, a exposição do solo a intempéries, a perda do banco de sementes a redução de matéria orgânica do solo, a dificuldade do fluxo gênico de fauna e flora, a extinção de espécies vegetais e animais e a formação de processos erosivos.

Neste sentido, a magistrada julgou procedente o pedido para condenar o casal ao pagamento de R$ 50 por cada hectare destruído, bem como determinou que eles apresentam plano de recuperação de área degradada no prazo de 90 dias, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. O casal ainda terá que pagar 80% das custas processuais e o restante, total de 20%, deverá ser arcado pelo Imasul.

Representados pelo advogado Gustavo Passarelli, Élvio e Sonia ingressaram com recurso, alegando que cumpriram o que foi estabelecido e que não deveriam ser punidos. “Se o Ministério Público não concorda com as exigências realizadas pelo Imasul, pela sua particular interpretação da legislação ambiental, de seu inconformismo com o Decreto Estadual que não declarou o Pantanal, todo ele, área de preservação permanente, não podem os Embargantes [casal] sofrer os prejuízo da insegurança jurídica daí decorrente, muito menos contar com o respaldo do Judiciário”, alegou. No entanto, a juíza manteve a sentença.

O casal, então, acionou a segunda instância e recorreu ao (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). “Repita-se, à exaustão: não é verdade que a licença tem a finalidade de desmate de 20.000ha. Apenas pela consulta do processo administrativo é possível confirmar que 72% da intervenção a ser realizada na propriedade é de substituição de pastagem, nativa por exógena (prática absolutamente comum no Pantanal) e que, com o devido respeito, não pode ser considerada como desmatamento. Como 72% de uma área de 38.398,67ha equivale a 27.646.56, restariam 10.752ha e mesmo assim, essa área remanescente, ao contrário do que mencionado pelo recorrido [MPMS], não é objeto de desmate na integralidade”. O pedido foi distribuído para análise.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Candidato de Lula, Edinho Silva é eleito presidente nacional do PT

Médico denuncia vereadora ‘dona de zona’ por quebra de decoro em Dourados

Acordo para regularização fundiária urbana em áreas da União é assinado em MS

Dois Irmãos do Buriti terá novas pontes de concreto e vias urbanas asfaltadas

Notícias mais lidas agora

Após café premium, MPMS usa mais R$ 1,05 milhão para comprar pó ‘baratinho’

Servidor público federal morre após acidente entre carreta e caminhonete em MS

Após ‘bronca’ e intervenção do STF, MPMS diz que ainda investiga desvios na educação

Na luta pela vida, amigos fazem ‘vaquinha’ para Marcelo comprar medicamento negado na justiça

Últimas Notícias

Polícia

Agiota que se passava por policial para roubar vítimas é preso em Campo Grande

Vítima foi mantida encarcerada em casa pelo criminoso, acompanhado de um comparsa

Política

‘Preparar para governar o Estado’: PT define metas após eleição de nova diretoria em MS

Deputado federal Vander Loubet foi eleito como presidente do diretório estadual, enquanto o deputado estadual Pedro Kemp assume o diretório em Campo Grande

MidiaMAIS

Romancista Augusto César Proença é tema de encontro desta quinta na ASL

Próxima edição do Leituras e Conversas acontece nesta quinta-feira (10), na ASL

Polícia

Homem que fugiu de delegacia morre em confronto com a polícia em Ponta Porã

Graziano havia fugido da delegacia em maio