Verbas do SUS para radioterapia em MS sobem para R$ 30,8 milhões, mas 380 esperam na fila

O Hospital do Câncer Alfredo Abrão, de Campo Grande, que herdou os contratos da radioterapia do SUS (Sistema Único de Saúde), recebeu um aditivo de R$ 6 milhões no convênio 06/2018, que mantém com a Saúde para receber dinheiro público e atender a demanda. Mesmo assim, 380 pacientes continuam na fila, segundo a Sesau (Secretaria […]

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Hospital é equipado com verba pública e concentra tratamento do câncer via SUS. (Divulgação)
Hospital é equipado com verba pública e concentra tratamento do câncer via SUS. (Divulgação)

O Hospital do Câncer Alfredo Abrão, de Campo Grande, que herdou os contratos da radioterapia do SUS (Sistema Único de Saúde), recebeu um aditivo de R$ 6 milhões no convênio 06/2018, que mantém com a Saúde para receber dinheiro público e atender a demanda. Mesmo assim, 380 pacientes continuam na fila, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que faz a gestão do SisReg (Sistema de Regulação de Vagas).

A indicação para o início do tratamento da radioterapia é de, em média, 28 dias, com tolerância de até 60 dias, segundo liminar em Campo Grande que estipulou até mesmo indenização por danos de até R$ 40 mil depois esse período.

O valor do contrato aumentou após a Santa Casa e a Clínica Radius romperem o contrato para o atendimento dos pacientes do SUS neste ano. O Hospital, que é filantrópico, recebeu um aditivo ao Convênio 06/2018 em agosto com mais R$ 6 milhões ao ano para atender a demanda, passando dos antigos R$ 24,8 milhões ao valor atual de R$ 30,8 milhões. São R$ 2.572.386,96 ao mês. Em setembro, contratou a mesma Clínica Radius para auxiliar no atendimento da demanda.

No entanto, Juvenal Pinheiro Alves, de 64 anos, aguarda há cinco meses pelo início do tratamento, mesmo com uma liminar judicial determinando a urgência do caso. Pela determinação da juíza Elisabeth Rosa Baisch, do Juizado Especial da Fazenda Pública, o tratamento dele deveria ter começado no dia 25 de outubro deste ano.

Juvenal já não fala mais. Ele precisou fazer uma laringectomia e esvaziamento ganglionar por causa de um câncer na laringe em abril deste ano. Por recomendação médica, deveria ter iniciado o tratamento em abril deste ano.

Filha, a empresária Jéssica Benitez explica que não sabe mais a quem recorrer. “Nós entramos com uma ação na Defensoria por causa da demora. Era para ele ter iniciado o tratamento, e até agora nada. A gente vê que tem repasse, mas o Hospital não inicia o tratamento”.

Jéssica diz que na Sesau, a informação é de que não há previsão de atendimento. “A gente fala para ele que já ele vai começar a se tratar, mas é triste que a gente não tenha nem uma perspectiva de início. É uma situação desesperadora. A gente vê que ele precisa do tratamento, mas não é chamado”.

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Hospital do Câncer recebeu 5º Termo Aditivo para atender a demanda

Hospitais públicos em obras

A Rede Pública de Saúde deveria atender os pacientes do SUS, mas não têm estrutura, em situação denunciada na Operação Sangue Frio, há oito anos. De lá para cá, a providência tomada pelo Ministério da Saúde foi a implantação do serviço no HU (Hospital Universitário) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul).

No HU, segundo o diretor, médico Carlos Alberto Coimbra, a previsão de início de atendimento é para o segundo semestre de 2020. “As obras devem ser finalizadas em janeiro. Temos que fazer a instalação do equipamento e treinamento da equipe para começar a atender”, explicou.

Já as obras do HRMS foram paradas pelo Ministério da Saúde. Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, a obra foi suspensa por 120 dias. “O prazo já finalizou e já encaminhamos ofício ao Ministério solicitando um posicionamento sobre a retomada da obra”, disse. No local, atua uma empreiteira contratada pelo Governo Federal diferente da que trabalha no HU, que já está em fase de conclusão.

‘Capacidade máxima’

Em nota, o Hospital de Câncer de Campo Grande-MS Alfredo Abrão informou que tem trabalhado em sua capacidade máxima no setor de radioterapia, com 90 pacientes em tratamento. “Desde o dia 2 de setembro já foram implementados os trabalhos em 3 turnos no setor”.

Após o aumento do valor do convênio, o Hospital do Câncer diz ter firmado em setembro contrato com a Clínica Radius “para absorver a demanda extra de pacientes oncológicos oriundos do SUS. A clínica atua também em sua plena capacidade, com outros 66 pacientes em atendimento, e mais 14 ainda serão chamados para o planejamento para iniciarem os tratamentos. Os trabalhos estão sendo realizados de acordo da capacidade instalada”.

Segundo o Hospital, somente nos últimos 2 meses o HCAA e a Radius chamaram 231 pacientes para início no tratamento. “O HCAA reitera que os tratamentos continuam sendo realizados dentro do previsto, com qualidade e segurança para os pacientes”.

A reportagem tenta há uma semana respostas sobre a quantidade de pacientes na fila da radioterapia, assim como posicionamento da SES (Secretaria Estadual de Saúde) e da Defensoria Pública, que acompanha os casos.

As repostas foram encaminhadas nesta sexta-feira (1º), mesmo dia em que foi realizada uma reunião na 4ª Defensoria Pública do MS para tratar do assunto com o Administrador do HCAA, Franco Monteiro Xavier, o Promotor Nilton Marcelo de Camargo, juntamente com representantes das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, e dos Conselhos Municipal e Estadual de Saúde, segundo informou o Hospital do Câncer.

De acordo com a nota, todos “reiteraram os esforços conjuntos para que a os pacientes que ainda aguardam atendimento, possam ser atendidos da melhor forma e no menor espaço de tempo possível”.

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