Por suposto descumprimento de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado há seis anos para adequar à legislação o acesso à informação na Câmara Municipal de Campo Grande, um pedido na justiça quer multa diária de R$ 7.701,00 para o legislativo campo-grandense. A Casa nega que descumpra o acordo e garante que houve avanço ‘descomunal' na transparência do órgão.

Atualmente o da Câmara Municipal de Campo Grande lista as receitas e despesas, mas não detalha os salários pagos aos servidores nomeados no legislativo.

Segundo o pedido do MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) em ação de obrigação de fazer, o portal precisa ser atualizado imediatamente, sob pena da multa diária de 300 UFERMS, equivalentes a R$ 7.701 em valores atualizados.

O pedido é do promotor Adriano Lobo Viana de Resende, da 29ª Promotoria do Patrimônio Público de Campo Grande e membro do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). Ele alega que as adequações já estavam previstas desde 2012, quando o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi firmado com o órgão, mas estariam sendo descumpridas.

“Em diversas ocasiões foi constatado o descumprimento de diversas cláusulas desse TAC, sempre culminando em advertências, porém, sem efeito”, afirma a ação.

Tempo real

Na Justiça, o Ministério Público pede que a ação seja acatada para que seja disponibilizado em tempo real no portal da Câmara os editais de licitação, resultado das licitações relativas aos exercícios anteriores ao ano de 2017 e os participantes; informações dos contratos administrativos; verbas indenizatórias dos parlamentares relativas aos anos anteriores ao ano de 2017; despesas de valores anteriores a 2017 e registro de quaisquer concessão de diárias; folhas de pagamentos de todos integrantes do órgão (agentes políticos, servidores efetivos, comissionados e contratados) de forma detalhada (nome, valores, vantagens, descontos e rendimento líquido); Relatório Resumido da Execução Orçamentária(RREO) de 2017 e anos anteriores; Relatório de Gestão Fiscal (RGF) do 2º quadrimestre de 2017 e de anteriores a 2016; Prestações de Contas Anuais e seus respectivos pareceres prévios, remetidos ao Tribunal de Contas do Estado; íntegra dos contratos com fornecedores; informações relativas a exercícios financeiros anteriores a 2017 e leis orçamentárias de anos anteriores a 2017.

Também há um pedido de advertência à Câmara em caso de improbidade processual, com multa de 20% sobre o valor da causa, que é de R$ 1.114.413,00, equivalente à multa pelo descumprimento do termo de ajustamento de conduta.

Avanço ‘descomunal' na transparência

Segundo o procurador jurídico da Câmara Municipal de Campo Grande, Gustavo Lazzari, o legislativo municipal ainda não foi notificado da decisão. Ele ressalta, no entanto, que nos últimos meses o avanço em abastecimento do portal da Transparência com informações “chega a ser ‘descomunal'”.

“Nós avançamos muito. Vamos aguardar a notificação para ver o que o Ministério Público pede para melhorarmos e vermos quais seriam os pontos de divergência”, explica Gustavo.

Para acessar o Portal da Transparência da Câmara Municipal de Campo Grande, o endereço é http://www.camara.ms.gov.br/transparencia. Na apresentação do portal, a Mesa Diretora ressalta que o cidadão atualmente pode acompanhar as atividades, por meio das publicações no Diário Oficial, no site do órgão na internet (www.camara.ms.gov.br), pela Rádio Câmara, pela TV Câmara, que funciona no canal 9 da Net, ou nas sessões ordinárias, solenes, itinerantes ou comunitárias.

“Por meio do Portal da Transparência você tem acesso as informações sobre a gestão administrativa e a execução orçamentária e financeira da Câmara Municipal de Campo Grande. Isto quer dizer que qualquer cidadão tem acesso a dados importantes para o aperfeiçoamento dos trabalhos do legislativo campo-grandense. A participação do cidadão é essencial para o verdadeiro aprimoramento desta Casa Legislativa”, diz a apresentação institucional do Portal que está no ar.