Um estudo feito a pedido da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) aponta que o governo federal precisaria desembolsar, pelo menos, R$ 76 bilhões para concluir as milhares de obras paradas pelo Brasil.
O levantamento mapeou pelo menos 7 mil obras paralisadas só na esfera federal. Entretanto, segundo o presidente da consultoria responsável pelo estudo, Cláudio Frischtak, “a situação é muito pior do que a gente consegue mensurar”.
Isso porque os estudos não levam em consideração as obras paradas nas esferas estadual e municipal, onde os dados são muito mais escassos. Nas contas do economista, se projetos desse tipo fossem incluídos, o volume necessário seria de R$ 144 bilhões.
Para Frischtak, os estudos colocam luz sobre um problema crônico do país, que é a falta de capacidade para investir. Especialistas avaliam que, com a crise fiscal alegada pelo governo, a direção a ser tomada é cortar investimentos ao invés de concluir projetos.
“Como não dá para mexer nos gastos obrigatórios, a alternativa tem sido limitar investimentos importantes para o país voltar a crescer”, avalia o diretor de macroeconomia do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), José Ronaldo Souza Junior.
Além do transtorno de ver uma obra parada, a paralisação também cria um efeito dominó, uma vez que inevitavelmente aumentam os custos no caso de uma retomada, por conta da deterioração das construções e reajustes de contrato.
Frischtak afirma também que a paralisação de obras impacta negativamente no PIB (Produto Interno Bruto). Com a retomada dos projetos federais, o economista avalia que seriam injetados R$ 115 bilhões na economia nacional, o equivalente a 1,8% do PIB.