Pular para o conteúdo
Transparência

Entidades dizem que recomendação do MP sobre Plano Diretor cria imposto

Órgão pede uso de Coeficiente de Aproveitamento Básico em Plano
Arquivo -

Um grupo de entidades lançou uma nota questionando a intervenção do MP-MS (Ministério Público Estadual) que recomendou a alteração de pontos do projeto de lei que revisa o de Desenvolvimento Urbano de .

A nota, veiculada pelo site Cidade Morena, afirma que a recomendação do MP-MS vai “na contramão de tudo que foi intensamente discutido com a sociedade”, e podem prejudicar a arrecadação da Prefeitura.

Em resumo, o Ministério Público recomendou que seja adotado o Coeficiente de Aproveitamento Básico como princípio da política predial do município, fazendo parte do Plano Diretor da capital.

De acordo com as entidades, a adoção do coeficiente configura “mais um imposto”. “Pequenas e médias construtoras terão dificuldade de capital para bancar a outorga onerosa, inviabilizando projetos e novas moradias, empregos e, por consequência, com a pobreza atingindo todos os setores da economia”.

O grupo alega também que já foram feitas 69 reuniões públicas em bairros com participação presencial e consultas pela internet, além de 12 audiências públicas e reuniões com o setor empresarial, que dão segurança jurídica ao projeto do Plano Diretor.

Na última terça-feira (12), o prefeito Marquinhos Trad determinou que o projeto de revisão do Plano Diretor voltasse à Câmara sem alterações, depois de ter pedido a retirada da proposta por temer uma ação do MP-MS.

Confira a nota na íntegra:

NOTA DE ESCLARESCIMENTO

Campo Grande vive um momento decisivo, importante para seu desenvolvimento sustentável e o futuro dos próximos 10 anos. Desde 2016, iniciou-se a Revisão do Plano Diretor, que tem por finalidade orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços urbano e rural na oferta dos serviços públicos essenciais, visando assegurar melhores condições de vida para a população.

Durante esse período até 2017 foram realizadas 69 reuniões públicas em bairros, com participação efetiva da população, consultas pela internet, aplicação de formulários junto à comunidade, 12 audiências públicas e diversas reuniões setoriais com o segmento empresarial, conselhos de classe, instituições de ensino, setor produtivo e os presidentes de Conselhos Regionais, representando todos os bairros da cidade.

Em outubro de 2017, o Plano Diretor foi aprovado no CMDU (Conselho Municipal de Desenvolvimento e Urbanização) por aclamação, inclusive sendo reconhecido por técnicos como referência de qualidade, alinhado com os mais modernos conceitos de urbanismo do mundo.

E estamos com uma grande preocupação e principalmente com a população de Campo Grande.

O projeto do Plano Diretor está em vias de aprovação pelo Prefeito e pela Câmara de Vereadores, no entanto, recebeu recomendações do Ministério Público Estadual (MPE) que infelizmente estão na contramão de tudo o que foi intensamente discutido com a sociedade, e que acabam por comprometer o futuro de uma das capitais com melhor índice de desenvolvimento. As recomendações irão afetar a cidade nas áreas da economia, social, saúde, segurança e claro, atrasarão – e muito – o desenvolvimento.

Vamos aos principais pontos:

1 – Contradição legal. O MPE tem defendido que a Resolução nº 148 de 7 de junho de 2013 do Conselho Nacional da Cidades afirma em seu artigo 2º que o “…Coeficiente de Aproveitamento
Básico deverá ser unitário (um) e único para toda a zona urbana”. Trata-se de uma recomendação e não uma obrigação. A 42ª Promotoria de Justiça de Campo Grande não cita o artigo 1º que trata sobre “Recomendar a adoção do Coeficiente de Aproveitamento Básico como princípio balizador da política fundiária urbana municipal, a ser utilizado por todos os municípios até 2015”. Ou seja, na prática, essa recomendação não é válida para Campo Grande, visto que a revisão do Plano Diretor começou em 2016.
Ainda há o Artigo 3º, que trata sobre “A possibilidade do exercício de direitos de construir adicionais aos definidos pelo Coeficiente de Aproveitamento Básico deve estar subordinada ao interesse público”. Neste item, o MPE ignora o entendimento e decisões dos estudos técnicos, feitos ao longo de 2 anos por especialistas e equipe técnica multidisciplinar.

2 – Lei ignorada. Há ainda a Lei 10.257 de 10 de julho de 2001 do próprio Estatuto da Cidade, que é superior à resolução. De acordo com Artigo 28 em seus parágrafos 2º e 3º, especifica:
– § 2º O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico único para toda a zona urbana ou diferenciado para áreas específicas dentro da zona urbana;
– § 3º O plano diretor definirá os limites máximos a serem atingidos pelos coeficientes de aproveitamento, considerando a proporcionalidade entre a infra-estrutura existente e o aumento de densidade esperado em cada área.
Ou seja, conforme a Lei, é possível a definição do coeficiente de aproveitamento diferenciado levando em consideração as particularidades da cidade.

3 – “Alerta”. Membro do MPE “alertou” prefeito e vereadores para uma “possível abertura de processo judicial por improbidade administrativa”, caso o texto do Plano Diretor não adotasse coeficiente de aproveitamento 1 e taxa de permeabilidade de 30% em toda a área urbana da Capital. Ou seja, há uma pressão e ameaça por aprovação de mudanças do Plano Diretor, ignorando todas discussões da população e até análises do Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano).

4 – Mais um imposto. A outorga onerosa se transformará em mais um imposto para uma sociedade que já não aguenta mais a conta da administração pública.

5 – Desemprego por toda cidade. Pequenas e médias construtoras terão dificuldade de capital para bancar a outorga onerosa, inviabilizando projetos e novas moradias, gerando desemprego, por consequência, pobreza e atingindo todos os setores da economia.

6 – Desvalorização dos imóveis. A avaliação dos imóveis considera o potencial de construção da área. Com a redução do potencial construtivo para CA=1, mais de 90% dos imóveis da cidade serão desvalorizados.

7 – Redução de receitas de IPTU, ISS e ITBI. Com menos construções, a Prefeitura recolherá menos ISS e ITBI. Com uma cidade mais pobre, a inadimplência do IPTU crescerá. Com menos dinheiro, cairão os recursos da cidade para educação, infraestrutura e segurança.

8 – Comércio e Investimentos Comprometidos. Empreendedores, empresários e comerciantes costumam usar imóveis como garantia real para obter capital de giro e financiamentos para
novos negócios. Com imóveis valendo menos, diminui a captação de dinheiro e comprometendo o desenvolvimento econômico.

9 – Insegurança Jurídica. A redução do valor de imóveis comprometerá até mesmo contratos financeiros ativos, que tenham imóveis em garantia, pois eles passam a valer menos.

10 – Inventários serão afetados. Inventários que normalmente demoram anos serão impactados pela redução do valor do imóvel durante o processo, prejudicando muitas famílias.

É hora dos campo-grandenses impedirem que o futuro da nossa cidade seja destruído e o desenvolvimento que todos queremos escorra por nossas mãos.

Neste momento tão grave para nossa Cidade Morena, cobre o seu vereador para que ele ouça a população pela qual legisla.

Secovi-MS / ACICG / CDIURN – Comissão de Direito Imobiliário, Urbanístico, Registral e Notarial da OAB-MS / FIEMS / Sinduscon-MS / Fetricom-MS / Fecomércio-MS / CAU-MS / Creci-MS / CDL-CG / SENGE-MS / Sintracom MS-CG / Sindiconstru-MS / Sindimoveis-MS / IABMS
/ ABENC-MS / Acomac-CG / AEACG

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Após ficar em coma, Maidê Mahl mostra rotina em clínica de reabilitação; confira

Forro de banheiro da Santa Casa despenca durante banho de paciente

Contratação temporária e dispensa de licitação: O que foi liberado na emergência da saúde

VÍDEO: Perseguição a caminhonete na Gunter Hans acaba em acidente em Campo Grande

Notícias mais lidas agora

Prefeitura decreta situação de emergência na saúde e UPAs serão usadas para internação em Campo Grande

Após decreto de emergência, vacina contra a gripe será liberada para toda a população de Campo Grande

Acordo da JBS com MPMS pode enterrar ação contra mau cheiro em Campo Grande

Moradores da Aldeia Água Funda aproveitam tempo firme para recuperar estragos causados por temporal

Últimas Notícias

Transparência

Após dar ‘balão’ no Gaeco, Frescura diz que esconder celular não atrapalhou investigação

Empresário teria escondido em bunker celular que nunca foi apreendido nas investigações

Polícia

Crime de maus-tratos a animais em Mato Grosso do Sul supera 600 denúncias em 2024

As vítimas não são apenas cães e gatos, mas também outros animais

Brasil

Fraude no INSS: Governo começa ressarcimento a beneficiários em maio

Governo orienta a não acessar links enviados por e-mail ou rede social

Cotidiano

Saiba tudo sobre novo exame de Papanicolau do SUS que detecta vírus HPV precocemente

Com sensibilidade de 97%, novo exame permite detecção precoce de infecção pelo HPV, principal causa do câncer de colo de útero