Hospital teria recebido dinheiro por serviço não feito

Justo no dia que o presidente da Associação Beneficente de , Esacheu Nascimento, entidade filantrópica que administra o maior hospital de , a , foi à Câmara Municipal informar dados do balanço financeiro da entidade, surgiu entre os vereadores um documento oficial do que aponta um revés nas contas do hospital.

Números indicados por Esacheu afirmam que o hospital fechou o ano passado, 2016, com déficit de R$ 43 milhões.

Já o documento que mostra dado controverso ao apresentado por Esacheu diz que a Santa Casa recebeu recurso federal por serviço que não fez e agora terá devolver algo em torno de R$ 1,1 milhão.

O presidente da Santa Casa disse aos vereadores que de um orçamento anual, o de 2016, de R$ 242,6 milhões para custear 599.023 procedimentos médicos, o hospital gastou em 2016 R$ 287,7 milhões com 1.460.986 procedimentos. Pelos cálculos de Esacheu, a Santa Casa cuidou de 860 mil procedimentos a mais que os contratados, daí o déficit de R$ 43,8 milhões.

Documento que contradiz a fala de Esacheu do Nascimento, o demonstrativo de débito do hospital da Santa Casa, período de fevereiro de 2012 a março deste ano, também conhecido como a auditoria de número 13601, assinada por Issam Moussa, presidente da Junta Administrativa, indica que o saldo do débito do hospital é de R$ 1.179.034,12.

O Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS), é órgão do Ministério da Saúde, componente federal do SNA (Sistema Nacional de Auditoria), cuja missão é a de executar as atividades de auditoria no âmbito do SUS, o Sistema Único de Saúde.

O vereador Hederson Morais da Silveira, o enfermeiro Fritz, do PSD, disse que o comando da Santa Casa diz que o hospital fechou com déficit no ano passado no vermelho, mas não mostrou dados detalhados das contas. “Então, que prestação é essa, o rombo citado [R$ 43 milhões] por que?”, queixou-se o vereador Fritz.

O vereador, da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Campo Grande, disse que a diferença entre os números divulgados pelo presidente da Santa Casa e os apurados pela auditoria do Denasus, tem a ver com os serviços recebidos e não efetuados pelo hospital.

O vereador citou, por exemplo, as cirurgias bariátricas, que reduz o estômago, bancadas por recursos do SUS. “O recurso federal é liberado para a cirurgia, mas não é feita pelo hospital. Ou seja, recebe o dinheiro, mas não faz o serviço”, questionou o vereador.

O vereador con tou também que a pessoa que não conseguiu a cirurgia recorre à Justiça e o município é quem paga a conta. Por ano, afirmou Fritz, o município gasta em torno de R$ 1,8 milhão com procedimentos feitos por força de decisões judiciais.