Servidoras confirmam que colega nomeado nunca cumpriu expediente

Jovem só aparecia para entregar folha de frequência

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Jovem só aparecia para entregar folha de frequência

Os depoimentos de duas servidoras da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) colhidos pelo MPE (Ministério Público Estadual) na terça-feira (31) confirmaram que o jovem apontado como suposto servidor fantasma da reitoria nunca apareceu para trabalhar. Segundo os relatos, Ney Damião só comparecia à instituição uma vez por mês para entregar a folha de frequência.

As informações foram prestadas ao promotor Ricardo Rotunno, da 16ª Promotoria de Justiça da Comarca de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande. Elas integram um inquérito civil público aberto para apurar a prática de improbidade administrativa decorrente da nomeação de servidores fantasmas na UEMS.

Conforme os documentos aos quais o Jornal Midiamax teve acesso, Jorgina Espíndola Ortega de Lima foi ouvida pelo promotor às 9h de ontem. No depoimento, informou ser funcionária concursada da universidade desde 2002, nomeada em 2012 para a função de chefe de gabinete da reitoria.

Ela afirmou que despacha diretamente com o reitor Fábio Edir dos Santos Costa, responsável pela contratação de Ney Damião em março de 2015. Segundo Jorgina, o próprio reitor apresentou o jovem a ela, solicitando que encaminhasse toda documentação ao setor de Recursos Humanos para que fosse viabilizada a contratação em cargo em comissão para a função de assistente de gabinete da reitoria.

“Como sequer havia espaço físico na reitoria, questionou ao reitor onde Ney Damião trabalharia, sendo que este informou que após a nomeação tal servidor seria deslocado para a Fapems, a fim de que lá trabalhasse com Tecnologia da Informação”, consta no depoimento.

Outro depoimento colhido ontem pelo MPE foi o da servidora Elizangela Cristina Silva de Souza, que disse trabalhar há quatro anos na reitoria da UEMS. Ele informou que atua das 7h30 às 11h e das 13h às 17h30 de segunda a sexta-feira e alegou conhecer Ney Damião porque ele foi nomeado em março de 2015.

“Apesar de ter sido nomeado para trabalhar na Universidade, Damião nunca exerceu atividade junto à reitoria e em nenhum outro departamento da Universidade, pois sempre desde sua nomeação ficou prestando serviço junto à Fapems. Não sabe esclarecer porque nem Damião, apesar de nomeado para exercer atividades laborais junto à reitoria da UEMS, nunca ali trabalhou, bem como porque trabalhava para a Fapems”, relata o depoimento.

Segundo o documento que integra o inquérito, a servidora afirmou recordar-se que Ney Damião não despachava com a reitoria. “Uma vez por mês comparecia na reitoria para entregar a sua folha de frequência. Tal folha era para cumprimento de sua carga horária de trabalho junto à UEMS. Não havia conferência da folha de frequência pela reitoria, até porque este nunca trabalhou em tal departamento”, pontua o documento.

Ambas as servidoras informaram ainda que desconhecem a existência de algum documento que indique a cedência de Ney Damião Azambuja para a Fapems. Elas explicaram ao promotor que em janeiro deste ano foi contratado outro servidor para atuar na reitoria da universidade por causa da grande demanda de serviço. Nessa época, conforme o Portal da Transparência do Governo do Estado, o suposto fantasma ainda estava nomeado no cargo em comissão de Assistente III DGA 7, com salário superior a R$ 1.400,00. Ele foi exonerado a pedido no dia 1º de março deste ano.

Em nota, a UEMS informou que apoia e contribui com as investigações do MPE. “A UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) informa que desde novembro de 2015, quando foi notificada pela Ouvidoria do Ministério Público, vem prestando todas as informações necessárias ao esclarecimento da denúncia. A Universidade entende a necessidade de que esse tipo de situação seja completamente elucidado e prontifica-se a continuar contribuindo, no que lhe couber, para que o caso seja solucionado”.

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