Rodrigo Maia também recebeu propina, diz ex-diretor da Odebrecht

Presidente da Câmara teria recebido R$ 600 mil

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Presidente da Câmara teria recebido R$ 600 mil

O ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Filho delatou pagamentos no valor total de pelo menos R$ 600 mil ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem aponta como um de seus interlocutores preferenciais no Congresso Nacional.

No relato, o executivo vincula um dos pagamentos, de R$ 100 mil, a compra de apoio de Maia a Medida Provisória 613, de 2013. Na lista dos pagamentos, o presidente da Câmara recebeu o codinome de “Botafogo”.

Durante a fase final da aprovação da MP 613, o deputado, a quem eu pedi apoio para acompanhar a tramitação, aproveitou a oportunidade e alegou que ainda havia pendências da campanha de Prefeito do Rio de Janeiro em 2012. Solicitou-me uma contribuição e decidi contribuir com o valor aproximado de R$ 100.000,00, que foi pago no início do mês de outubro de 2013″, disse o executivo.

A MP 613 prevê incentivos fiscais para a indústria química, assunto de interesse especial da Braskem, do grupo Odebrecht. Filho descreve a compra de apoio de outros parlamentares. Mas diz que Maia era uma referência para a Odebrecht. “Referido parlamentar era visto por mim como ponto de interlocução dentro da Câmara dos Deputados na defesa dos interesses da empresa”, afirma o executivo em um dos anexos do acordo de delação firmado com a Procuradoria-Geral da República.

As negociações entre Maia e o delator não se resumiram a compra de apoio a uma medida provisória. “Também, preciso esclarecer que consta, em planilha, com referência a meu nome, uma doação feita a Rodrigo Maia em 2010. O deputado me pediu e transmiti a solicitação a Benedicto Júnior. Sei que o pagamento, no valor de R$ 500.000,00, foi atendido sob a condução de João Borba”, relata.

Ao firmar acordo de delação premiada, o executivo se comprometeu a apresentar mais detalhes das negociações que fez com políticos. A série de interrogatórios, relativos à delação, começou na última terça-feira. A previsão é que os trabalhos só se encerrem em janeiro. Procurado pelo GLOBO por intermédio de sua assessoria, Rodrigo Maia não retornou a ligação.

Na sexta-feira, em nota, o deputado Rodrigo Maia afirmou que todas as doações recebidas foram legais e devidamente declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral. “O deputado nega com veemência a acusação de ter participado de qualquer tipo de negociação com a Odebrecht para aprovação de medida provisória ou de outra proposta legislativa”. Ele afirma ainda que as declarações veiculadas pela imprensa são “absurdas” e que “nunca recebeu nenhuma vantagem indevida para votar qualquer matéria na Casa”.

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