Novas licitações podem aumentar lucro de empreiteiras para manter ruas da Capital

Empreiteiras podem receber ainda mais para tapar buracos e recapear ruas

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Empreiteiras podem receber ainda mais para tapar buracos e recapear ruas

A decisão do prefeito Gilmar Olarte (PP) de cancelar os polêmicos contratos para serviço de tapa-buracos nas ruas de Campo Grande pode ter um lado positivo para as empreiteiras. O secretário municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação, Valtemir de Brito, admitiu que os novos contratos podem ficar ainda mais caros para os cofres públicos porque incluirão o recapeamento das vias.

Olarte anunciou que cancelaria os contratos depois da onda de reclamações contra o serviço de tapa-buracos, que a população considera ineficaz e suspeito. Houve denúncias de que buracos ‘fantasmas’ estariam sendo fechados pelas equipes das empreiteiras para justificar os contratos, e os motoristas e moradores apontam a falta de qualidade como maior problema.

Além de vias instransitáveis pelo excesso de remendos que tornam o asfalto ondulado e perigoso, dizem que as obras não resistem nem a pequenas chuvas e os buracos voltam a aparecer, literalmente mandando o dinheiro dos contribuintes por água abaixo.

No entanto, as empresas podem sair favorecidas nas novas licitações prometidas porque os contratos serão ainda mais caros, visto que a Prefeitura vai incluir serviço de recapeamento. Com isso, as empreiteiras pegam duas obras em uma só licitação, garantindo tapa-buraco e recapeamento.

O secretário admitiu que a Prefeitura vai gastar mais com o serviço de tapa-buraco, visto que passará a exigir ainda mais das empresas. “Vamos exigir qualidade de serviço e fazer preço dentro da realidade. Às vezes tem preço defasado e vai cobrar qualidade do serviço e eles (donos de empreiteiras) questionam o valor abaixo da média de mercado”, justificou.

Apesar de admitir que pagará melhor para empreiteiras, o secretário justificou que a mudança tende a diminuir os custos a médio e longo prazo, visto que o serviço mais criterioso vai evitar o trabalho constante com tapa-buraco.

“Estaremos recuperado com recapeamento as vias que fazemos serviço constante de recapeamento. Ai elas não vão receber tapa-buraco nos próximos cinco anos. Com isso a gente atende outras regiões e a tendência é diminuir o serviço. Esta recuperação é mais cara porque tem trechos longos para recapear, mas na escala de curto, médio e longo prazo tende a diminuir em relação a gasto”, defendeu.

A prefeitura ainda está finalizando os critérios para abertura da licitação e ainda não definiu preço e nem como será a fiscalização. O estudo também tem por objetivo registrar quais vias têm mais problemas. Entre as já identificadas estão a saída para Três Lagoas, incluindo o bairro Tiradentes, que tem várias ruas que não comportam mais serviços de tapa-buraco.

A quebra de contrato com as empresas é a saída apontada pela Prefeitura após escândalo nacional com filmagem de suposto “tapa-buraco fantasma” nas ruas de Campo Grande. Pressionado, o prefeito Gilmar Olarte (PP) anunciou que quebraria os contratos.

O serviço de tapa-buraco sempre foi motivo de crítica, o que não impediu que os contratos continuassem vigentes. A situação é ainda pior porque a própria Prefeitura admite falhas na fiscalização do serviço. Segundo o vereador Carlão (PSB), hoje a Prefeitura controla o tanto de material gasto para o serviço, mas não acompanha o trabalho prestado pelas empresas. “Se alguém jogar o produto no lixo ninguém vai ver”, criticou.

O anúncio de que cancelaria os contratos, e a publicação de um laudo emitido por engenheiro contratado por uma das empreiteiras para defender o tapa-buracos foram considerados pela oposição como manobras para tentar impedir a investigação dos contratos denunciados. No entanto, a ideia de uma CPI ganha força entre os vereadores enquanto as explicações oficiais nâo chegam.

Nesta semana Valtemir de Brito vai enviar à Câmara a resposta a vários questionamentos de vereadores. Dos 29, oito já são favoráveis à criação da CPI dos Buracos, que pode sair do papel se outros dois vereadores decidirem investigar o serviço em Campo Grande. Os que não assinaram a favor da CPI alegam que aguardam providências da prefeitura para depois decidir se abrem ou não a CPI.

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