Segundo o governo, as placas não são ‘frias' e sim vinculadas

Em resposta à matéria publicada pelo Jornal Midiamax, na manhã desta sexta-feira (24), na qual o diretor-presidente do Detran – MS (Departamento Estadual de Trânsito), , é acusado de usar um carro com placas ‘frias', o governo do Estado declarou que se trata de um veículo regular, com placa vinculada. De acordo com a assessoria de imprensa do governo, carros com esta característica são usados apenas para investigação, embora funcionários do órgão afirmem que Claro usa o carro diariamente.

A nota do governo reforça que não se trata de placa ‘fria' e dá o nome placa vinculada. Esses carros, de acordo com o governo, são usados pela assessoria militar e pela corregedoria do Detran. Por conta deste tipo de função, o governo justifica a necessidade do uso de placas vinculadas.

Entenda o caso

 A denúncia foi levada ao MPF (Ministério Público Federal) e aponta, ainda, que o fato de o dirigente usar um automóvel sem adesivos de identificação dá a ele ampla liberdade no uso particular do bem.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax teve acesso à denúncia, feita de forma anônima, que foi protocolada no MPF. O denunciante alerta sobre o uso de uma Amarok de cor branca, placas OOH-2961, sem registro e para fins particulares.

Tal atitude é considerada, por alguns servidores do Detran, como imoral e incoerente, já que se trata do órgão que regulamenta placas de veículos no Estado. Além disso, o governador, Reinaldo Azambuja (PSDB),anunciou neste mês o fim do serviço de ônibus especiais que transportavam servidores estaduais ao Parque dos Poderes, sob a justificativa de que não pode haver privilégios diante de um cenário de necessidade de corte de custos.

Após ter acesso à denúncia, a equipe de reportagem foi até o estacionamento de autoridades do Detran e fotografou o veículo citado, estacionado na vaga reservada para o diretor-presidente, com a finalidade de averiguar a regularidade da placa. Nesta ocasião, Gerson foi visto descendo do carro, acompanhado de um motorista particular.

A placa da caminhonete fotografada foi consultada no Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública), sendo confirmado, então, que o veículo não existe. No resultado final da busca aparece a mensagem: “veículo não encontrado”.

Todavia, um documento vincula a placa atual – e fria – da Amarok a uma placa antiga, possivelmente a verdadeira, a NRZ-4021. Outra consulta feita com esta última numeração consta que o registro está regular, inclusive aparecem as especificações do carro, dizendo ser 4×4 e fabricado em 2014.

Além de usar o veículo com placas frias, a denúncia ressalta que Gerson dispõe de um motorista exclusivo, cujo nome é Walter Mansur. Ele, conforme relato levado ao MPF, o transportaria para fins particulares, inclusive aos fins de semana.

Ademais, a denúncia diz que Gerson transferiu, fora do prazo legal de 30 dias, 39 pontos de sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) para subordinados. Ele teria feito isso dentro de um período de um ano.

O documento termina destacando que, segundo o Estatuto dos Servidores Públicos, um funcionário tem a obrigação de denunciar atitudes irregulares praticadas por qualquer trabalhador do poder público, sobretudo um superior hierárquico.

Outro lado

Logo após fotografar o carro usado por Claro, a equipe de reportagem tentou contato com o diretor-presidente a fim de saber por qual motivo o chefe de um órgão de trânsito estaria usando um carro com placas inexistentes, todavia, ele não foi localizado. Segundo sua assessoria de imprensa, o fato será averiguado e Gerson responderia posteriormente.

A Corregedoria do , um órgão responsável pelo controle interno do departamento, também foi procurada pelo Jornal Midiamax a fim de comentar quais medidas seriam tomadas. Contudo, o corregedor do órgão, Luiz Carlos Rodrigues, também não foi encontrado.

MPF e MPE

O MPF confirmou, por meio da assessoria de imprensa, que recebeu a denúncia, porém, o procurador responsável, Marcel Brugneira, ainda não analisou o conteúdo. Acredita-se que até o início da semana o MPF tenha novidades sobre o caso.

Por outro lado, se a denúncia for encaminhada para o MPE (Ministério Público Estadual), pode ser aberto procedimento preparatório, a fim de verificar se as acusações são fundamentadas. De acordo com a assessoria de imprensa, caso isso se confirme, será aberto um inquérito.