Operários que trabalham na obra do Residencial Portal do Caiobá, na região sudoeste de Campo Grande (MS), paralisaram as obras na manhã desta quarta-feira (25), por atraso no pagamento de salário. A equipe, composta por 20 trabalhadores, é responsável somente pela obra de asfalto em frente às moradias e devem continuar paralisados, caso o pagamento não seja feito.

A responsável pela construção do residencial, que faz parte do programa do governo federal, Minha Casa, Minha Vida, é a Brookfield, que terceiriza o serviço de asfalto para a Intercola Terraplanagem. Esta última empresa é quem contrata e paga os funcionários.

Os trabalhadores questionam o salário referente a maio, que seria pago em junho, mas não foi depositado até hoje, mesmo com a promessa inicial, por parte da empresa, de que o pagamento aconteceria até o dia 20 de cada mês. “E em maio já tinha acontecido isso. A Intercola marcou uma reunião para repassar os salários, mas, só repassaram 400 reais de vale e o restante só no fim do mês”, afirma o presidente do Sinticop (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil Pesada de MS), Valter Vieira.

No momento, eles estão na frente da obra à espera de um responsável pela empresa para negociação. Desde 6h30 até o momento do fechamento desta publicação, ninguém da empresa foi até o local para mediar a reivindicação.

De acordo com o secretário do sindicato, Valdir Vieira, a situação se estende em Dois Irmãos do Buriti, município distante 84 quilômetros de Campo Grande. “Neste caso, a situação é bem pior, pois estão longe de suas casas. Os trabalhadores estão passando necessidades“, ressalta. Neste caso, mais de 100 trabalhadores paralisaram os trabalhos, em virtude da falta de pagamento.

Ainda segundo o presidente do sindicato, questionada sobre o atraso, a Intercola diz apenas que os recursos que têm para receber não foram repassados ainda. O Midiamax tentou contato direto com a empresa, sem sucesso.

Contas a pagar

Com salário base de ajudante em R$ 750,00 e operador em R$ 1.220, os trabalhadores têm de conviver agora com as consequências da falta do pagamento. “Estou com a luz e pensão atrasadas e corro o risco de ser notificado por isso”, lamenta um trabalhador de 50 anos, que não quis se identificar.

O operador Willian da Costa tem 23 anos e um filho de 1 ano e 6 meses. Sem salário, o aluguel está atrasado e até a alimentação em sua residência foi prejudicada. “Minha esposa teve que pedir alimentos para a mãe. Esta é uma situação complicada, se estamos nesse emprego é porque precisamos”.

A reportagem conversou com todos os trabalhadores e todos afirmam que dependem somente deste emprego para se sustentar e, em alguns casos, uma família toda. “Eles [empresa] dizem que vão pagar, aí passa mais 10 dias e não sai o pagamento, só temos esse meio”, pontua.

Prejuízo

Sem resposta da empresa e a consequente paralisação na obra, dois caminhões com o material utilizado para fazer o asfalto está parado. “É um produto perecível e se não for utilizado logo será perdido”, afirma o dono do caminhão que presta serviço para Trema, uma das empresas envolvidas na obra.

Para ele, a presença da Intercola é fundamental para que os trabalhadores tenham o que é de direito e voltem ao trabalho. “A empresa tinha que estar aqui para fazer negociação com os operários”.

[Matéria editada às 11h30 para acréscimo de informações].