Caso de carro do Detran-MS com propaganda vira “segredo de justiça” e ninguém comenta
O episódio aconteceu no último sábado (14), quando populares avistaram um veículo do Detran-MS em Jardim com adesivos e santinhos dos candidatos Moka e Puccinelli
O episódio aconteceu no último sábado (14), quando populares avistaram um veículo do Detran-MS em Jardim com adesivos e santinhos dos candidatos Moka e Puccinelli
A investigação policial sobre o caso de um veículo oficial flagrado no último sábado (14) por populares com material de campanha do candidato ao senado Waldemir Moka e do candidato ao governo André Puccinelli, ambos do PMDB, foi colocada em “segredo de justiça” e as informações que antes estavam disponíveis para imprensa ficaram restritas.
Segundo informações do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), órgão responsável pelo automóvel Renault Clio placas HQH-9487, o caso será investigado. Mas até agora, nenhum procedimento administrativo para apurar como os santinhos e adesivos dos candidatos foram parar no automóvel havia sido iniciado oficialmente.
Na Delegacia de Jardim, onde o Boletim de Ocorrência número 1546/2010 foi registrado, testemunhas foram ouvidas hoje pela manhã. O delegado Gilberto Bazílio de Oliveira Junior falou com a reportagem no sábado e disse que ainda ia “procurar mais informações” antes de se pronunciar. Hoje ele não foi encontrado na Delegacia.
No Detran-MS, a primeira informação foi de que apenas a assessoria de comunicação do governo falaria sobre o assunto. Poucos minutos depois, a assessoria do órgão ligou informando que o fato teria sido comunicado pelo próprio Detran-MS, que por sua vez teria recebido uma denúncia anônima sobre a presença do material de campanha no veículo oficial.
Ainda segundo a assessoria do Detran, o órgão teria consultado o funcionário responsável pelo automóvel, que teria garantido não saber como o material foi parar dentro do carro público. Segundo informações passadas aos policiais por frentistas do posto, o carro oficial foi deixado no local para ser lavado. As chaves do automóvel estavam guardadas na gerência do auto-posto, e os funcionários do local também não souberam informar como os santinhos e adesivos foram parar dentro do automóvel.
No BO que estava disponível para consulta da imprensa (Veja imagem acima) não foi citado que a comunicação teria partido do órgão estadual. O comunicante D.A.P, de 27 anos, seria um dos policiais militares que foram até o posto de combustível e localizaram o automóvel com os adesivos e santinhos dentro. A denúncia para a guarnição da PM foi feita por uma testemunha que teve apenas o primeiro nome citado no histórico da ocorrência.
Entenda o caso
A Delegacia de Jardim registrou na manhã do último sábado (14) um flagra de uso de veículo oficial para campanha política. Na madrugada, por volta de 2 horas da manhã do sábado, a PM foi acionada porque no pátio do Posto de Combustível Agrossol havia um carro do Detran-MS com santinhos e adesivos do candidato ao Senado Waldemir Moka e do candidato ao governo André Puccinelli.
Segundo o registrado no Boletim de Ocorrência, que estava acessível para a imprensa até o sábado de noite, a guarnição da PM de Jardim foi ao local e constatou que havia material de propaganda política de Moka e André sobre o tampão do porta malas de um veículo Renault Clio branco, placas HQH-9487, identificado com a marca do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito). O BO 1546/2010 registrou o fato como “propaganda eleitoral em local público” e foi colocado em segredo de justiça, ou seja, teve o acesso restrito.
Até a manhã deste sábado, o automóvel continuava estacionado no lava-jato do Posto de Combustível. Durante toda sexta-feira (13) o governador cumpriu agenda política na cidade de Jardim, conforme informações disponibilizadas pela comunicação de campanha no site do candidato à reeleição.
Moka ainda não foi notificado
Segundo a assessoria de campanha do deputado Waldemir Moka, até o momento não houve nenhuma notificação oficial ao candidato, por isso ele não se manifestou oficialmente sobre o episódio. “Até agora o que estamos sabendo é o que vocês publicaram”, disse um dos assessores. A reportagem tentou contato e deixou recado por telefone desde sábado com a assessoria de André Puccinelli. Até a publicação deste texto, não houve resposta sobre o incidente.
Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho estão afastados das funções desde agosto por suspeita de participação em esquema de venda de decisões judiciais