Pressionado, primeiro-ministro do Iraque diz que só deixará governo com ordem da Justiça

O primeiro-ministro em fim de mandato do Iraque, Nouri al-Maliki, disse nesta quarta-feira (13/08) em seu discurso semanal transmitido pela televisão que não deixará o cargo e que seu governo só “será substituído se o Tribunal Federal” determinar sua saída. Maliki afirmou que acredita que todas as partes se comprometerão com a lei e a […]

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O primeiro-ministro em fim de mandato do Iraque, Nouri al-Maliki, disse nesta quarta-feira (13/08) em seu discurso semanal transmitido pela televisão que não deixará o cargo e que seu governo só “será substituído se o Tribunal Federal” determinar sua saída.

Maliki afirmou que acredita que todas as partes se comprometerão com a lei e a Constituição “para não causar mais distúrbios no país”. “Peço a todos os blocos políticos que anunciem sua rejeição à atual violação da Constituição caso se preocupem pela estabilidade do Iraque”, disse Maliki.

O país vive dias de tensão, dividido com o avanço dos extremistas sunitas do EI (Estado Islâmico) no norte, ameaça que fez com que os Estados Unidos voltassem a intervir militarmente no Iraque após três anos da retirada das tropas, realizando bombardeios aéreos e enviando assessores militares.

O recém-eleito presidente iraquiano, o liberal curdo Fouad Massoum, emitiu na segunda um decreto nomeando Haidar al Abadi como o novo premiê do país. Proeminente político do Daawa, mesmo partido de Maliki, Abadi tem 30 dias para formar um novo governo — tarefa complicada, já que os parlamentares xiitas, maioria na cena política iraquiana, estão divididos.

A notícia de demissão de Maliki do cargo de premiê — medida apoiada pela Casa Branca — ganhou força depois que o mais influente clérigo xiita do Iraque sinalizou que era hora do político se afastar do poder. Lideranças políticas dos partidos xiitas declararam, em mais de uma ocasião, que apoiariam a substituição do premiê para “salvar a unidade da coalizão xiita”.

Após ter contestado a indicação de seu sucessor, criando expectativas de um eventual golpe de Estado, o atual primeiro-ministro iraquiano recuou ao afirmar na terça-feira que as Forças Armadas devem ficar de fora da crise política.

Maliki também realizou uma contra-campanha, tirando fotos com líderes xiitas que ainda o apoiavam no cargo. Além disso, setores das forças de segurança iraquianas pró-Maliki ocuparam algumas áreas da capital Bagdá no domingo, aumentando ameaças de ruptura da ordem democrática.

União contra o terrorismo

Abadi pediu na terça-feira para todos os iraquianos “unirem suas forças para fazer frente à ameaça do terrorismo” e assinalou essa como sua principal prioridade. “O Iraque enfrenta hoje muitos desafios encaminhados a manter sua unidade, seu tecido social e seus componentes, o que requer uma combinação de esforços de todos para lutar contra o terrorismo, uma de nossas prioridades, já que ameaça o país como Estado”, advertiu.

Neste aspecto, Abadi fez uma chamada a todas as forças políticas que “fazem parte da Constituição e do processo político democrático” a somar suas forças em resposta aos desafios. De acordo com o primeiro-ministro designado, “essa unidade não serviria apenas para formar o novo governo, mas para desenvolver uma vontade nacional única e comum que permita solucionar os problemas constitucionais, políticos e econômicos do Iraque”.

Abadi convocou as Forças Armadas, a Polícia, os voluntários e os clãs aliados para defender a pátria e felicitou aqueles que lutaram para proteger a unidade e a segurança dos iraquianos. Além disso, Abadi elogiou os “esforços realizados” por Maliki e seu Executivo para enfrentar o terrorismo e para construir o Estado iraquiano, e ressaltou que este seguirá sendo “irmão, companheiro e parceiro no processo político”.

O levantamento insurgente no norte do país deixou boa parte do país fora de controle e provocou uma crise política que impossibilitou a escolha das novas autoridades iraquianas, as quais deveriam ser eleitas logo após o pleito parlamentar realizado no último mês de abril.

Os jihadistas do EI tomaram a cidade de Mossul, a segunda maior do país, no último dia 10 de junho e, desde então, continuam seus avanços para ampliar o “califado” proclamado nos territórios sob seu controle entre Iraque e Síria.

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