A mais alta corte do país dedicada a assuntos ambientais considerou inaceitável o sofrimento físico e psicológico causado pelo barulho de obras públicas realizadas na capital do país, Copenhague.

O epicentro da polêmica é a construção de uma nova linha de metrô. Uma das estação fica próxima à Igreja de Mármore, um dos principais pontos turísticos da capital dinamarquesa. Ali o barulho chega a superar a faixa de 75 decibéis, maior do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O tribunal afirmou que a Dinamarca não respeitou a convenção internacional e obrigou as autoridades a consultar os cidadãos sobre a poluição auditiva. A corte também proibiu que obras sejam realizadas durante a noite.

A psicóloga Maya Glem, que mora perto da futura estação de metrô, diz usar protetores auditivos para enfrentar o som das britadeiras e dos martelos.

“Estou muito preocupada com os meus filhos. A OMS diz que esse barulho pode causar deficiências auditivas, prejudicar a concentração e criar dificuldades de motivação e de comunicação”, afirmou ela à BBC.

“É incrível que em um país como a Dinamarca, que se orgulha de respeitar os direitos humanos como nenhum outro, não olha para o seu próprio quintal”, critica.

Prazos

As autoridades locais argumentam, entretanto, que as obras não podem parar, sob pena de não cumprirem o prazo.

Segundo elas, é preciso avançar pelo menos 30 metros de túnel todos os dias. Caso contrário, haverá atrasos, o que elevará o custo das obras. O objetivo é concluir a construção até 2018 a um custo estimado de US$ 3,9 bilhões (R$ 9,1 bilhões).

A nova linha faz parte do sistema integrado de transportes da cidade, considerada uma das mais “verdes” da Europa. Para contornar o problema, o governo dinamarquês liberou verbas da ordem de US$ 15 milhões (R$ 35 milhões) para indenizar moradores afetados pelo barulho.