Paraguai: Igreja Católica cobra reforma agrária e justiça social

A Igreja Católica do Paraguai cobrou neste sábado do novo presidente, Federico Franco, que promova a reforma agrária e garanta a inclusão social, melhorando os serviços de saúde e educação, além de empregos com qualidade. O monsenhor Edmundo Valenzuela conduziu um culto ecumênico neste sábado, com a presença do presidente e de integrantes do novo […]

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A Igreja Católica do Paraguai cobrou neste sábado do novo presidente, Federico Franco, que promova a reforma agrária e garanta a inclusão social, melhorando os serviços de saúde e educação, além de empregos com qualidade. O monsenhor Edmundo Valenzuela conduziu um culto ecumênico neste sábado, com a presença do presidente e de integrantes do novo governo, e apelou a Franco que atenda às demandas das camadas mais pobres da população.

“Os interesses mesquinhos não podem mover a política”, ressaltou o monsenhor. “As mudanças políticas no Paraguai exigiram consenso, houve um final pacífico, mas há ainda pendências, como oferecer aos camponeses justiça social. As raízes do problema da distribuição de terra também estão na educação, saúde e no trabalho de qualidade.”

Franco acompanhou o culto ecumênico ao lado da mulher Emilia, dos três comandantes militares ¿ mantidos no cargo mesmo após a destituição do ex-presidente Fernando Lugo do poder ¿ e dos novos ministros e assessores. O culto foi celebrado do lado de fora da catedral de Assunção, a capital paraguaia, e muitas pessoas acompanharam a celebração.

Ao final, o presidente foi cercado por pessoas que queriam cumprimentá-lo. Simpático, Franco cumprimentou várias pessoas, abraçou e acenou. Durante o culto, ele prestou atenção ao sermão do monsenhor que pediu aos manifestantes que mantivessem seus protestos, desde que pacíficos. Também disse que a Igreja respeita o Estado e sabe que ambos devem atuar de forma independente.

“A Igreja é consciente sobre o que é do Estado e o que é da Igreja. A Igreja sabe fazer essa distinção”, disse o monsenhor. “Rezemos hoje mais do que nunca pela paz e a reconciliação”, acrescentou. “A cultura da paz se faz presente quando não há violência.”

Anteriormente, a Igreja Católica havia apoiado Lugo, ex-bispo católico. No sermão, o monsenhor Valenzuela disse ter dúvidas sobre a rapidez com que ocorreu o processo de impeachment de Lugo. No entanto, de manhã, o núncio (representante do Vaticano) da Igreja Católica no Paraguai, Eliseo Antonio Ariotti, anunciou o apoio a Franco. Segundo ele, é necessário que todos contribuam para a paz e a justiça no país.

O monsenhor Valenzuela reiterou, durante o culto, a colaboração do ex-presidente durante o governo e elogiou sua decisão de acatar o impeachment, sem oferecer resistência. De acordo com ele, Lugo cooperou para manter a ordem nas manifestações que ocorrem, em sua opinião, de forma pacífica. Ontem, no entanto, houve confrontos entre policiais e manifestantes nas ruas de Assunção.

Processo relâmpago destitui Lugo da presidência

No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Cuaraguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio – enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

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