Escoltado por agentes da Polícia Federal armados, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi conduzido por volta das 14h20 para a sala no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em , onde acontece na tarde desta quarta-feira (1º) a audiência de instrução do processo em que responde por formação de quadrilha e tráfico de influência no sistema de transporte coletivo do Distrito Federal.

Vestindo uma camisa azul clara, ele passou rapidamente pela imprensa que o aguardava no hall do elevador. O bicheiro estava com as duas mãos juntas para trás e estava algemado. Segundo a assessoria do tribunal, ele chegou ao prédio por volta de 13h40. A imprensa não tem acesso à área onde está ocorrendo o depoimento.

No entanto, pela página do TJDF no Twitter (@TJDFT_Noticias), a assessoria de imprensa do tribunal, que acompanha o interrogatório, tem colocado posts sobre o que acontece na audiência.

Logo no início da audiência, por determinação da juíza Ana Cláudia Costa Barreta, as algemas foram retiradas. Além da juíza e dos oito réus, estão presentes à audiência 12 advogados e dois promotores. Cachoeira é representado pelo advogado Rafael Tucherman, do escritório Cavalcanti & Arruda Botelho, que já estava no caso, atuando com Márcio Thomaz Bastos.

O primeiro a depor foi o secretário dos Transportes do GDF (Governo do Distrito Federal), José Walter, testemunha no processo. Segundo ele, a licitação para contratar a operadora de bilhetagem era de responsabilidade da DFTrans e, à época, custava R$ 60 milhões apenas para a instalação do sistema e não o custeio mensal do serviço. Hoje, diz, a contratação poderia ser feito por um terço deste valor. Ele disse não conhecer Cachoeira e disse nem recebeu nenhuma proposta em relação ao serviço.

A segunda testemunha a depor é Milton Martins, que era diretor administrativo financeiro do DFTrans. Ele também negou conhecer os réus.

Cachoeira é acusado de tentar articular um esquema para conseguir operar o sistema de bilhetagem eletrônica. Cachoeira está preso há cinco meses no presídio da Papuda, em Brasília, em decorrência da Operação Monte Carlos, que investigou o seu envolvimento com empresários e políticos.

Além de Cachoeira, mais sete acusados de participação no esquema deverão prestar depoimento à juíza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal de Brasília. Eles foram investigados na Operação Saint-Michel, deflagrada após a Operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira. Os acusados devem depor após serem ouvidas as testemunhas arroladas pela defesa e pelo MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios).

Na CPI

No Congresso, há mais de dois meses uma CPI investiga as relações do contraventor com empresários e políticos. Quando foi depor em maio, Cachoeira permaneceu calado.

Na terça-feira (31), o escritório do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos deixou oficialmente a defesa do empresário.  Segundo informações obtidas pela reportagem da Folha de S.Paulo, a detenção de Andressa Mendonça, noiva de Cachoeira, foi o estopim.

 

Andressa é investigada em um inquérito policial por corrupção ativa. Ela é suspeita de tentar chantagear o juiz Alderico Rocha Santos, responsável pela ação penal contra o grupo de Cachoeira na 11ª Vara da Justiça Federal em Goiânia.

Na segunda-feira, a Polícia Federal fez uma busca e apreensão na casa dela, no condomínio de luxo Alphaville, em Goiânia. Foram apreendidos dois computadores e dois iPads, além de documentos. Em seguida, ela foi conduzida coercitivamente até a PF para prestar depoimento.
Santos assumiu o processo da Monte Carlo depois que o juiz Paulo Moreira Lima foi ameaçado e pediu para deixar o caso.

Depoimento da ex-mulher

Na terça-feira (31), a defesa de Andrea Aprígio de Souza, ex-mulher de Cachoeira, entrou com um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para garantir que ela possa ficar em silêncio durante o depoimento à CPI do Cachoeira. Andrea deve depor no dia 8 de agosto.