Regina Gomes disse ter “inventado” gravidez ao marido, daí pegou uma menina da enfermaria do Hospital Universitário; a criança estava deitada ao da mãe, que dormia. Os magistrados crêem que a acusada, já condenada por tráfico de drogas, enfrenta algum problema de saúde

A 2ª Turma Criminal do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), por unanimidade, mandou soltar a dona de casa Regina Célia Gomes, 40, presa desde setembro passado, quase quatro meses atrás, por sequestrar uma menina recém-nascida da enfermaria do Hospital Universitário, em Campo Grande.

À época, a acusada, que é mãe de três filhos homens, de 25, 19 e 12 anos de idade, disse ter inventado uma gravidez para cumprir um desejo antigo: dar à luz uma menina. Ela revelou ainda, assim que detida, que já havia cumprido cinco anos de prisão por tráfico de drogas.

O pedido de liberdade de Regina foi definido na tarde desta segunda-feira. Em novembro passado, a justiça tinha negado a libertação dela.

Pela interpretação dos magistrados, a dona de casa teria problemas de saúde e, por isso, praticado o crime. Na leitura do desfecho judicial o auditório da 2ª Turma Criminal estava vazio. 

Regina vai responder em liberdade o processo por sequestro e cárcere privado.

Detida, Regina disse que tinha ficado grávida, mas perdeu o bebê durante a gestação. Ocorre que, segundo ela, o marido não ficou sabendo do aborto natural, espontâneo.

No dia 6 de setembro passado, ela teria dito ao marido que ia para o hospital “ganhar o neném”, no caso no Hospital Universitário. Ela informou que entrou na enfermaria e viu a menina ao lado da mãe, que dormia.

Regina pegou a criança, já batizada com o nome Kelly e devolvida aos pais no mesmo dia do rapto, e saiu da ala hospitalar sem ser incomodada por ninguém. “Eu entrei lá sozinha, ninguém me parou nem perguntou nada. Entrei, vi a mãe e a criança dormindo e resolvi pegar a bebê. Saí normalmente, com a menina no colo”, contou ela no dia do crime.

Dali, ela entrou num táxi e seguiu até um posto de saúde, onde quis pegar algum documento para registrar a criança como se dela fosse.

Quando a mãe de verdade da criança acordou, ela acionou os familiares e a polícia. O taxista que havia levado Regina até o posto ajudou na investigação.

Mais tarde, os policiais militares acharam a mulher com a criança no colo no conjunto Moreninha. Ela mora no Jardim Itamaracá uns 2 quilômetros de local onde foi detida.

A direção do Hospital Universitário abriu sindicância para apurar o sumiço da criança, mas até hoje não apontou culpados.