Justiça de MS condena empresa de segurança a pagar R$ 500 mil por demitir grevistas

Apuração do Ministério Público Trabalhista indicou que a empresa, embora negue a acusação, contratou seguranças para ocupar vagas dos manifestantes demitidos

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Apuração do Ministério Público Trabalhista indicou que a empresa, embora negue a acusação, contratou seguranças para ocupar vagas dos manifestantes demitidos

O juiz da 2ª Vara do Trabalho de Campo Grande, Márcio Alexandre da Silva, condenou a Prosegur Brasil S/A Transportadora de Valores e Segurança a pagar uma indenização de R$ 500 mil por danos morais coletivos porque a empresa teria demitido trabalhadores que aderiram a um movimento grevista.

A informação é da assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho, órgão que moveu a ação cível contra o empreendimento em questão.

Cabe recurso e, se confirmada a sentença, o dinheiro segue para o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). A Prosegur ainda não se manifestou quanto à decisão.

Além de mandar embora os grevistas, a empresa fora sentenciada por descumprir horários da jornada de trabalho.

A ação proposta pelo MPT corria desde setembro do ano passado.

Comunicado da assessoria do órgão afirma que a justiça trabalhista comprovou a demissão discriminatória de sete empregados, dispensados cerca de um mês após o término da greve, ocorrida em meados de 2009.

Segue a nota da assessoria, a empresa, em sua defesa, sustentou que a dispensa dos empregados ocorreu em virtude da perda de postos de trabalho, e não em razão da participação dos empregados na greve.

No entanto, ficou comprovado na ação que a empresa contratou, no mesmo período, 13 novos vigilantes para postos de trabalho criados.

A investigação do MPT também constatou a submissão dos empregados a extensas jornadas, com a prorrogação do horário de trabalho dos empregados além das duas horas diárias permitidas em lei.

Foi verificado o fato de que empregados da tesouraria trabalharam por mais de sete horas além da jornada normal durante dois dias seguidos. Outras irregularidades constatadas foram a violação do intervalo interjornadas, que deve ser de, no mínimo, 11 horas, e do intervalo intrajornada previsto na legislação, de pelo menos uma hora.

No caso dos vigilantes, houve registro de jornadas de trabalho, em regime de escala de 12 por 36 horas, sem direito a intervalo ao longo do dia.

Segundo o autor da ação, o procurador do Trabalho Odracir Juares Hecht, “o desrespeito aos intervalos previstos em lei causa prejuízos para a saúde dos trabalhadores e podem contribuir para a ocorrência de acidentes de trabalho, causados pela fadiga dos empregados”.

Condenação

A empresa foi condenada a não prorrogar a jornada normal de trabalho, além do limite legal de duas horas diárias, a conceder os intervalos previstos em lei e a não praticar qualquer forma de discriminação ou condutas antissindicais, sob pena de multa diária no valor de mil reais por trabalhador prejudicado. A Constituição Federal assegura o direito de greve aos trabalhadores e proteção contra atos discriminatórios.

Como forma de reparar a coletividade, a empresa foi condenada ao pagamento de indenização por dano moral coletivo, pela prática de dispensas discriminatórias e pelas jornadas extenuantes.

Odracir Juares Hecht enfatiza o caráter punitivo e pedagógico do dano moral, que tem o objetivo de desestimular a prática desses ilícitos trabalhistas. (com informações da assessoria de imprensa do MPT de MS)

Número do processo 0001429-56-2010-5-24-0002

 

Conteúdos relacionados