Associação das família das vítimas do voo da Gol vai recorrer da decisão da Justiça do MT

A Associação dos Familiares e Amigos do Voo 1907 da Gol, que caiu e 154 pessoas morreram após um choque com o jato Legacy, vai recorrer da decisão da Justiça do Mato Grosso que condenou os pilotos a pagarem uma pena de prestação de serviços comunitários, na segunda-feira (16). Joseph Lepore e Jan Paul Paladino […]

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A Associação dos Familiares e Amigos do Voo 1907 da Gol, que caiu e 154 pessoas morreram após um choque com o jato Legacy, vai recorrer da decisão da Justiça do Mato Grosso que condenou os pilotos a pagarem uma pena de prestação de serviços comunitários, na segunda-feira (16).

Joseph Lepore e Jan Paul Paladino foram condenados a quatro anos e quatro meses de detenção no regime semiaberto. Porém, em sua decisão, o juiz federal substituto da Vara Única de Sinop (MT), Murilo Mendes, determinou a substituição do cumprimento da pena pela prestação de serviço comunitário e a proibição do exercício da profissão. O argumento usado pelo juiz foi o de que “não há nada que comprove serem os réus reincidentes em crime doloso”, quando há intenção de matar.

Segundo o advogado da associação, Dante D’Aquino, eles vão entrar com recurso no TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª região em Brasília pois acreditam que a pena foi branda tendo em vista o número de mortos. A defesa tem um prazo de cinco dias para informar do recurso, mas ainda não foi notificada oficialmente da decisão.

– Num crime em que houve a morte de 154 pessoas é evidente que a substituição da pena por uma prestação de serviço não é é suficiente para reprimir a conduta criminosa.

Revolta

A decisão da Justiça do Mato Grosso não foi satisfatória para os familiares das vítimas. Segundo Rosane Goutjahr, empresária e que perdeu o marido no acidente, o juiz desconsiderou as provas e documentos apresentados, feitos por um perito.

– É uma sensação de deboche. Os cinco pontos comprovados o juiz desconsiderou. Isso não é uma piada. Os pilotos levaram essas pessoas da gente e o juiz dá de presente a nossa dignidade. Muitas pessoas não tiveram nem o direito de enterrar quem eles perderam, porque nada sobrou.

Angelita Rosicler de Marchi, que também perdeu o marido no acidente e é presidente da associação das vítimas, disse que os familiares receberam a notícia da decisão da Justiça com muita decepção. Eles queriam pena máxima em regime fechado para os pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino.

– Um acidente em que morreram 154 pessoas fica por isso mesmo? Nós apresentamos um trabalho detalhado que provou todas as falhas e isso tem que ser levado em consideração. A gente não entende porque num caso tão sério desse, uma pena tão branda. Entendemos que tem muita pressão, principalmente das autoridades americanas, mas Justiça é Justiça e tem que ir pelos fatos e não pelas pressões.

Histórico

O avião da Gol, que fazia o voo 1907, saiu de Manaus (AM) com escala em Brasília (DF), de onde seguiria para o Rio de Janeiro (RJ), e se chocou com um jato Legacy no ar, caindo perto do município de Peixoto de Azevedo (MT), no dia 29 de setembro de 2006. Com a batida, 154 pessoas que estavam dentro do avião da Gol morreram. Apesar de avariado, o jato Legacy, que transportava sete pessoas, conseguiu pousar com segurança.

Esse foi o segundo maior acidente aéreo na história do Brasil. O maior ocorreu em 17 de julho de 2007, quando um Airbus-A320 da TAM caiu em São Paulo e matou 199 pessoas.

Em outubro de 2010, a Justiça Militar condenou o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos a um ano e dois meses de detenção por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Outros quatro controladores – João Batista da Silva, Felipe Santos Reis, Lucivando Tibúrcio de Alencar e Leandro José Santos de Barros – foram absolvidos.

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