Laís Bordado, 26, perdeu o marido Leonardo de Brito, 22, no dia 15 de janeiro no posto do Vila Almeida; inconformada ela promete buscar Defensoria; nas ruas do bairro, exemplo de falta de conscientização

Laís Lucrécia Bordado, 26, viúva de Leonardo Santana de Brito, 22, que faleceu com suspeita de dengue hemorrágica no dia 15 de janeiro disse ao Midiamax neste sábado (30) que espera o laudo da necropsia para acionar a Justiça. A família prepara uma denúncia contra médicos do posto da Vila Almeida. A viúva acusa o poder público de negligência. Durante a entrevista, o filho do casal, de 2 anos, brincava na varanda.

A cidade enfrenta uma epidemia da doença. Somente no mês de janeiro, ao menos 2,5 mil casos suspeitos de dengue já foram notificados pela Secretaria Municipal de Saúde, ou seja, muito mais que no mesmo período do ano passado quando foram registradas 149 notificações.

“Ainda não contratei um advogado, talvez nós vamos procurar a Defensoria Pública”, disse Laís Bordado enquanto dava atenção ao filho de 2 anos do casal.

A situação deixou marcas na vida da jovem Laís Bordado. “Meu filho estava doente até a pouco tempo por causa do pai, agora que ele está melhorando”, disse.

Se o serviço de Saúde deixou a desejar, nas ruas do Vila Almeida a reportagem identificou também a falta de conscientização dos moradores. Pneus, objetos de plástico e lixo são jogados, ou seja, um cenário para que as larvas do mosquito Aedes Aegypti se desenvolvam.

Caso

De acordo com Laís Bordado, Leonardo passou mal no último dia 13 por volta das 10h. Ele estava com dores no corpo nos olhos e com febre alta de 39,5 C°, quando procurou o Posto de Saúde Alessandro Martins de Souza, na Vila Almeida.

Segundo a esposa o seu ma rido foi atendido somente às 14h, onde a médica de plantão o examinou e o medicou com dipirona, paracetamol e solicitou um hemograma completo junto com exame de sangue e urina.

Em seguida, a médica teria informado que ele estava com suspeita de dengue e pediu para que ele retornasse no dia seguinte.

Já no dia 14 de janeiro, Laís informou que ambos retornaram ao posto do Vila Almeida, onde Leonardo foi atendido pela mesma médica, que teria dito que os exames dele estavam normais e que ele continuasse com os mesmos medicamentos e que retornasse no dia seguinte.

No dia em que faleceu, 15 de janeiro, a esposa de Leonardo disse que ele foi cedo até o posto de saúde do Conjunto José Pereira, onde a consulta teria ficado marcado para às 13h.

Com isso, ele retornou para casa. Porém, como estava passando mal, Leonardo resolveu não esperar até às 13h e decidiu ir até o posto Doutor Alessandro Martins de Souza no Vila Almeida.

Chegando ao posto, Leonardo teria sido atendido por uma técnica de enfermagem onde foi feito a triagem e posteriormente, foi levado para o repouso.

Ainda segundo Laís, o médico o atendeu por volta das 12h. Leonardo se queixou de muita dor no peito e falta de ar. O médico teria o examinado e lhe disse que o seu pulmão estava limpo, que iria passar uma medicação e posteriormente fazer o raio-X.

Após ser medicado, Leonardo continuou a piorar, suava excessivamente, vomitava, tossia muito e que sua falta de ar continuava. Por volta das 12h45min Laís disse que ele se sentou e gritou por socorro. “Ele disse socorro pelo amor de Deus”.

“No momento uma enfermeira foi até local, depois até o setor de emergência para chamar um médico de plantão, mas ele não veio, ele já estava com as unhas e o rosto roxo”, disse Laís.

“Auxiliado por sua esposa, Leonardo teria ido até a emergência às 13h, quando o médico o examinou e passou inalação medicamentos.

“Após isso o médico teria informado que Leonardo estava com um edema pulmonar e de que ele precisava ser transferido para um hospital imediatamente pois lá não tinha como fazer exames para saber o que ele realmente tinha.

“ “O médico olhou o resultado dos dias treze e quatorze e solicitou uma vaga na central através de seu próprio celular, retornou e disse que não havia vaga, eu perguntei se ia demorar muito, ele disse que poderia demorar de 10 minutos a 6 horas e que dependia da central”, disse Laís.

“Após isso, o médico informou que ia entubá-lo e depois disse que ele necessitava de um hospital com respirador.

“Eu procurei a assistente social de plantão, ela me disse que não havia necessidade pois tinha vaga para ele. Eu questionei, dizendo se havia vaga por que ele estava morrendo aqui dentro. Comecei a procurar vaga através do meu celular. Nesse momento quando procurei o médico, o Leonardo já estava com parada cardiorrespiratória e os médicos do Samu já estavam lá. Quando o doutor veio, disse que ele já estava com parada cardio-respiratória a vinte e cinco minutos. Ai eu perguntei se há vinte o vinte e cinco minutos que o meu marido estava morto, ele fez um sinal de sim com a cabeça” finalizou Laís.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) suspeita de que o jovem tenha sido vítima de problemas cardíacos cujo agente complicador tenha sido a dengue. O órgão descarta negligência no atendimento feito na unidade do Vila Almeida.