O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Fernando Gonçalves, determinou que uma junta médica da Corte discuta o estado de saúde do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido).

O resultado da avaliação deve influenciar na análise dos pedidos de liberdade ou de prisão domiciliar feitos pela defesa do ex-democrata.

Arruda recebeu na tarde de hoje a visita de dois médicos do STJ, um cardiologista e um clínico. O resultado dos exames não foi divulgado.

A Folha Online apurou que a junta médica foi solicitada porque os laudos da Polícia Federal e do médico particular de Arruda, Brasil Caiado, apresentam divergências.

Em parecer encaminhado nesta terça-feira ao STJ, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que as condições médicas do ex-governador não indicam que ele deve deixar a prisão. Segundo Gurgel, desde que foi preso, em 11 de fevereiro, até 12 de março, Arruda compareceu a 24 consultas médicas, teve assistência de enfermagem diária e fez inúmeros exames.

“A assistência médica diária e eficiente, com reiterados procedimentos de controle e exames específicos, permitiram a identificação recente de sintomas cardíacos que têm recebido a assistência médica adequada”, afirmou o procurador-geral.

Preso há 40 dias, Arruda passou ontem por uma avaliação de um psiquiatra indicado pela Polícia Federal. O resultado do exame ainda não foi divulgado. Segundo Caiado, Arruda tem um quadro de depressão que pode influenciar no tratamento para desobstruir uma das artérias do coração. Na semana passada, o ex-governador passou por um cateterismo que identificou o problema cardíaco.

Ontem, ao anunciar que desistiria de recorrer contra a cassação de seu mandato por desfiliação partidária, Arruda afirmou que seu estado de saúde está sendo afetado pela prisão.

“Neste final de semana, imobilizado na cama de uma cela, pensei muito sobre tudo isso e, sobretudo, nos dois mais recentes episódios: a decisão do TRE e o cateterismo a que me submeti, confirmando uma doença coronariana que eu não tinha antes de enfrentar essa luta. […]Não posso negar que a doença coronariana que me levou ao cateterismo – e agora a cuidados especiais – foi variável importante nesta decisão”, disse Arruda em carta encaminhada a seus advogados.

Por recomendação de sue médico particular, o ex-democrata tem sido medicado com oito remédios contra depressão, pressão alta e diabetes e ainda teve que adotar por uma dieta pobre em gordura e realizar exercícios físicos. Atualmente, Arruda tem direito a 15 minutos de caminhada na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Na quinta-feira, Gonçalves negou o pedido da defesa de Arruda para que o ex-democrata permanecesse no hospital até que se recuperasse dos problemas cardíacos.

O ministro ainda espera pareceres do Ministério Público Federal sobre os pedidos de revogação da prisão e prisão domiciliar para decidir o futuro de Arruda. Como deixou de ser governador, Arruda pode ser transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, onde mais cinco aliados estão presos também por determinação do STJ ao agirem na tentativa de suborno de uma das testemunhas do esquema de corrupção. A expectativa é de que Gonçalves espere o TRE publicar a decisão final sobre a cassação para decidir se concede ou não liberdade ao ex-governador.