Conselheiros da região do Imbirussu devem comparecer à Câmara de Campo Grande nesta terça-feira (18) para cobrar soluções sobre o mau cheiro que assola a região. O cheiro forte parece ter se espalhado por Campo Grande, já que moradores de diversos bairros relatam o fedor.
Uma das conselheiras que comparecerá à Casa de Leis destacou que o fedor chega a embrulhar o estômago. “O cheiro (mau cheiro, aliás), enoja, e embrulha o estômago, de forma que se estiver na hora de alimentar, já era”, comentou.
Na expectativa de levantar o debate sobre o problema novamente, lembrou que audiência pública tratou do assunto na Câmara. Após, ação civil cobrou providências da empresa que seria responsável pelo mau cheiro: a JBS.
Na última semana, moradores de diversas regiões da Capital relataram o forte odor.
Reportagem foi citada na Câmara
O Jornal Midiamax acompanha o caso do mau cheiro que prejudica os moradores há décadas. Vereador citou uma das reportagens na Casa de Leis para cobrança de providências.
Assim, a reportagem aponta que há possibilidade de transferência da unidade da JBS para o Núcleo Industrial caso o mau cheiro persista. A alternativa chegou após pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
Em maio do ano passado, a Câmara de Vereadores de Campo Grande já chegou a cobrar providências sobre o mau cheiro ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). Moradores do Nova Campo Grande enfrentam o odor de perto.
Nova fiscalização confirmou o mau cheiro
Em janeiro deste ano, uma nova fiscalização constatou que a unidade frigorífica continua exalando mau cheiro e determinou uma série de providências à gigante de alimentos.
Recentemente, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) recebeu novas denúncias de moradores dos arredores do frigorífico sobre ‘odor terrível’ vindo da JBS.
Diante disso, a equipe técnica do Daex (Secretaria de Desenvolvimento de Apoio às Atividades de Execução) realizou nova fiscalização no local e confeccionou, em outubro, novo laudo sobre a situação na planta da JBS.
Assim, os técnicos confirmaram os relatos dos moradores e, por meio de estudos e análises, concluíram que é possível haver incômodo a partir do forte odor emitido pela produção do frigorífico. “Relevante destacar que em situações de constante percepção/inalação desses odores pela comunidade adjacente ao frigorífico, o incômodo pode surgir”.
Isso ocorre devido a uma série de ‘falhas’, segundo os técnicos, ainda não sanadas. Por exemplo, a nova vistoria constatou que “foi possível confirmar a presença de aberturas capazes de permitir o escape de gases oriundos do processo produtivo”.
Além disso, detectou-se falha na cortina arbórea que deve existir no entorno do frigorífico. “Além do suprimento com vegetação nas falhas apontadas na primeira vistoria técnica (lateral leste, Av. Cinco), a equipe do DAEX recomenda a instalação de cortina arbórea na lateral oeste do terreno, junto às linhas externas de condução de efluentes do processo produtivo, por meio do plantio de mudas com porte e características adequadas”.
‘Fedô’ espalhou por Campo Grande
O problema, porém, não se restringe ao Nova Campo Grande. Nos últimos meses, moradores de diversos bairros relataram que o mau cheiro tem se espalhado por um raio de 10 km, atingindo áreas como União e Jardim Leblon. Na noite de sexta-feira (15), o odor se mostrou tão intenso que muitos recorreram às redes sociais para expressar sua indignação.
“Morei no Dom Antonio por um ano com cheiro insuportável. Hoje moro no Leblon, mas o odor chegou até aqui”, escreveu uma moradora via redes sociais. Outro usuário comentou: “Aqui no Los Angeles, todo dia contamos com essa podridão.”
Mesmo que não haja estudos conclusivos que confirmem a origem do odor nos bairros mais distantes, a população segue convencida de que a fábrica da JBS é a principal fonte do problema.
“No Jardim Carioca está insuportável. Acredito que seja por conta da JBS; estive lá e o cheiro estava ainda pior.” Outro completou: “É o cortume do Nova Campo Grande.”
Odor pode se espalhar por longas distâncias?

Widinei Alves Fernandes, físico e coordenador do projeto QualiAr – que monitora a qualidade do ar na Capital – explica que um odor originado por fontes que emitem compostos odoríficos pode, sim, percorrer distâncias consideráveis.
No entanto, isso depende de uma série de fatores, como condições meteorológicas favoráveis para dispersão dos poluentes para grandes distâncias, velocidade do vento, temperatura e umidade.
“Depende das características da fonte, se são fontes pontuais, por exemplo, uma chaminé ou se ela sai de alguma lagoa. Essas características juntas que irão determinar o alcance dessas odores. Por isso, depende tanto das condições meteorológicas quanto das características das fontes”, explica.
Embora seja possível que o odor se espalhe por toda a cidade, o especialista ressalta que, no caso específico da situação ocorrida nesta sexta-feira não há confirmação de que advém da JBS.
“É possível, mas ainda não fiz análise aprofundada, por isso não posso dizer que é uma fonte que advém desse local”, esclarece.