Deputada de MS oferece suco de uva do MST a relator da CPI na primeira sessão

Houve discussão entre a parlamentar e deputada do PL de Santa Catarina

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Reprodução/Câmara dos Deputados

Nesta terça-feira (23) aconteceu a apresentação do plano de trabalho na primeira sessão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Antes, a deputada federal Camila Jara (PT-MS) registrou que ofereceu suco de uva produto de agricultura familiar ao relator da CPI, Ricardo Salles (PL-SP).

Nas redes sociais, a deputada publicou vídeo em que oferece o suco de uva ao parlamentar. “Suco de uva do MST”, disse. Após experimentar, o deputado ainda diz “Muito bom”.

Durante a sessão, o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) relatou serem crimes as invasões às propriedades rurais. “Essa CPI tem a missão de trazer a verdade para o Brasil”, afirmou, dizendo ainda que o agronegócio é refém do movimento.

Já o deputado Marcos Pollon (PL-MS) disse ainda que a CPI não deve “Passar a mão na cabeça de criminoso”, relembrando palestra que deu em Mato Grosso do Sul e que precisou falar sobre segurança no campo. “Absurdo ter que se preocupar com os crimes no campo”, afirmou.

A deputada federal Camila Jara (PT-MS) disse que é neta de assentados e afirmou que os avós moram no assentamento há mais de 20 anos, mas que até hoje não têm acesso à água. Também falou sobre financiar a reforma agrária.

Em seguida, a deputada Caroline de Toni (PL-SC) também citou o esbulho possessório como crime, a invasão com violência ou grave ameaça às propriedades privadas. Em determinado momento, chegou a chamar a fala de Jara de hipócrita, a chamando de “socialista de iPhone”.

“Tem que respeitar o agronegócio brasileiro”, citou a parlamentar catarinense.

Maioria da bancada de MS chama CPIs de ‘distração’

A instalação de três CPIs para investigar apostas esportivas, MST e a empresa Americanas pode ‘distrair a Câmara dos Deputados’, afirmam os parlamentares de Mato Grosso do Sul. Maior parte da bancada acredita que as comissões não deveriam ser instaladas neste momento.

O deputado e coordenador da bancada de MS, Vander Loubet (PT), acredita que a CPI do MST não deveria existir. “Essa já vai ser a quinta CPI que pretende investigar o MST. Nas outras quatro não acharam nada e nesta não vai ser diferente”, afirmou.

Assim, disse que são “os bolsonaristas jogando para sua plateia e tentando achar espaço para se promover”. Por isso, garantiu que “é uma CPI que não tem razão de existir, não tem fato determinado”.

Vander lembrou que Camila Jara (PT) será suplente na Comissão. “Vai trabalhar para mostrar a verdade: que o MST é um movimento social legítimo, que luta pela democratização do acesso à terra e que contribui diretamente com o povo brasileiro, produzindo uma variedade de alimentos saudáveis, sendo, inclusive, o maior produtor de arroz orgânico da América Latina”, defendeu.

Contudo, para Camila Jara a CPI “foi instalada como uma tentativa de tirar o foco das discussões que o Brasil realmente precisa”. Apesar disso, afirmou ao Jornal Midiamax que assume o compromisso “de defender o movimento que mais contribui com a segurança alimentar do país e vamos aproveitar para apresentar dados”.

Então, como suplente, aproveitará para “divulgar a verdade sobre a agricultura familiar, que produz alimento sem veneno e ainda ajuda a conservar a natureza”.

Paralisação

Enquanto isso, Geraldo Resende (PSDB) afirma que a instalação de três CPIs pode causar paralisação do país. O deputado participa de comissões permanentes na Câmara.

Entre elas, a Comissão da Saúde e Comissão do Idoso. “Debatemos como garantir os direitos do segmento da população que mais cresce no país”, disse o titular das duas comissões.

Além disso, é titular das comissões que debatem a mortalidade materna no Brasil e políticas públicas de combate ao câncer. No entanto, agradeceu a não participação nas CPIs. “Graças a Deus não participo de nenhuma CPI que quer paralisar o Brasil em um Fla-flu eterno, inócuo e infrutífero”, destacou.

Dagoberto Nogueira (PSDB) também é contrário à realização das CPIs na Câmara. “Não fiz parte de nenhuma CPI e também não quero fazer parte de nenhuma delas, porque sou contrário à realização delas nesse momento”, disse.

No mesmo sentido de Camila, Dagoberto acredita que as comissões podem tirar o foco da Casa de Leis. “Acho que atrapalha agora nesse início de Governo. A gente precisando aprovar essa reforma tributária, tantas outras coisas importantes, mas houve uma pressão de vários líderes do Congresso nacional”, afirmou.

Assim, lembrou que as investigações chamam atenção. “Acho que nesse momento agora, essas CPIs atrapalham o Congresso. Acaba chamando atenção da imprensa e as coisas importantes para o lado”.

Por fim, destacou que não participa das comissões. “Não fiz parte de nenhuma CPI e também não quero fazer parte de nenhuma delas, porque sou contrário à realização delas nesse momento”, ressaltou.

Suplentes nas CPIs

Enquanto isso, dois deputados federais de MS saem a favor das CPIs, especialmente a CPI do MST. O deputado Marcos Pollon (PL) acredita que as investigações podem revelar ‘esquemas criminosos’.

“É preciso não apenas a urgente defesa das propriedades rurais, mas endurecer as penas de quem comete esse tipo de crime, afinal quem invade propriedade alheia e causa prejuízo ao bem e a família que mora ali deve pagar o que faz”, defendeu.

Enquanto o parlamentar Rodolfo Nogueira (PL), ressalta que as investigações têm como objetivo “saber quem são os financiadores desses atos criminosos que são as recorrentes invasões de terras”.

Ambos são suplentes na CPI do MST. O presidente da Comissão é o Tenente Coronel Zucco (Republicanos/Rs), Kim Kataguiri (União/SP) é o primeiro vice-presidente. Enquanto o Delegado Fabio Costa (PP/AL) e Evair Vieira De Melo (PP/ES) são segundo e terceiro vice-presidente, respectivamente. O relator do grupo é Ricardo Salles (Pl/Sp).

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Agência Brasil
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