Audiência pública pede o fim do novo ensino médio em Mato Grosso do Sul

Profissionais da educação, representantes sindicais e parlamentares pediram pela revogação do novo ensino médio

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
audiência pública novo ensino médio
Audiência pública foi realizada nesta terça, em Campo Grande. (Foto: Gabriel Neves, Midiamax)

Audiência pública para discutir os impactos do novo ensino médio no Brasil e Mato Grosso do Sul foi realizada na tarde desta terça-feira (11), em Campo Grande. O evento busca a revogação o texto que redefiniu a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Um dos organizadores da audiência, o deputado estadual Pedro Kemp (PT), afirmou que o principal objetivo do evento é pressionar o MEC (Ministério da Educação) para que a medida provisória que criou o ‘novo ensino médio’ seja revogada.

“Queremos discutir um novo projeto, mas com a comunidade escolar. Hoje, aumentou o tempo que o aluno fica na escola, mas a grade escolar empobreceu”, disse o deputado.

Diversos profissionais da educação, que participaram da audiência pública, ressaltaram o detrimento de matérias tradicionais em relação formação técnica e profissionalizante.

De acordo com a professora e doutora em Educação, Monica Ribeiro, a possibilidade de escolha entre as áreas profissionalizantes disponibilizadas para o estudante não ocorre como prometido.

Segundo ela, algumas escolas possuem disciplinas nominadas “brigadeiro gourmet” e “como se tornar um milionário”. “Nós estamos roubando do nosso jovem o sonho de cursar o ensino superior”, afirmou.

Por fim, a doutora afirmou que o novo modelo gera um empobrecimento na formação dos estudantes e professores.

“Muitos profissionais estão precisando sobrar suas turmas, gerando desgastes. Além disso, ocorre a descaracterização da pedagogia, com professores precisando dar aulas de empreendimento e outras quinquilharias”, finalizou.

Conforme o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Professor Jaime Teixeira, os assuntos discutidos e levantados ao longo da discussão serão enviados para o Ministério da Educação através da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação).

“Todos os Estado irão realizar audiências públicas como essa e iremos ratificar uma posição em nível nacional”, explicou.

Suspensão do novo ensino médio será debatido no Senado

O ministro da Educação, Camilo Santana, irá participar de audiência pública no Senado para debater a suspensão do Cronograma Nacional de Implementação do Novo Ensino Médio.

É o que prevê um requerimento do senador Esperidião Amin (PP-SC), aprovado nesta terça-feira (11) pela Comissão de Educação. A audiência pública está marcada para 25 de abril.

Uma portaria publicada em 5 de abril prevê a suspensão do calendário por 60 dias. Para Amin, a medida “não é uma coisa correta”.

“Estamos diante de uma portaria assinada que suspende os prazos. Isso não é uma coisa correta. Parou a corrida, mas tem gente que não largou e tem gente que está dando a segunda volta. Claro que precisa corrigir e aperfeiçoar. Mas acho que essa portaria está errada. Não é possível que se ignore que estamos em uma corrida para aperfeiçoar o ensino médio”, afirmou o senador.

A CE aprovou um segundo requerimento (REQ 31/2023 – CE) sobre o tema, também do senador Esperidião Amin. Ele sugere que a comissão receba o presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Vitor de Agnelo.

O gestor critica a suspensão dos prazos do Cronograma Nacional de Implementação do Novo Ensino Médio. A data do debate com Vitor de Agnelo ainda não foi definida.

Conteúdos relacionados

beto avelar reforma
O Presidente da ASMMP, Fabrício Secafen Mingati, que também assinou a nota conjunta (Reprodução, MPMS)