O discurso do deputado estadual Pedro Kemp (PT) foi marcado por uma discussão com parlamentares bolsonaristas na sessão desta terça-feira (12) da (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul). O petista subiu à tribuna para lamentar casos de violência política, entre eles o assassinato de um guarda municipal filiado ao PT em Foz do Iguaçu (PR).

Na sua fala, Kemp fez várias a bandeiras e polêmicas da administração do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), como o desmatamento da Amazônia, a defesa do chamado voto impresso e a morte de negros e indígenas em ações policiais, inclusive a de Vitor Fernandes, indígena Guarani-Kaiowá morto em 24 de junho durante ação do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) em uma fazenda de Amambai, sul do Estado.

“Ouso dizer que pessoas estão empoderadas para agredir outras por conta de orientação de seu líder político, que em 2018, disse em campanha eleitoral: ‘vamos fuzilar a petralhada do Acre'. E agora ele que é um mentiroso, agora está dizendo foi uma figura de linguagem”, afirmou, sem citar o nome de Bolsonaro.

“Esse é o líder desse rapaz que foi à festa de um pai de família e trabalhador e o matou porque era do PT”, disse Kemp, citando o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, cometido pelo agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho. Segundo a Polícia Civil do Paraná, o crime foi motivado pelo tema da festa de aniversário de Arruda, que era PT e Lula. Guaranho teria atirado contra a vítima após gritar o nome do presidente.

Carlos Alberto David dos Santos, o Coronel David (PL), pediu aparte a Kemp, que não concedeu. Foi quando iniciou uma discussão. “Eu não vou conceder aparte”, disparou o petista.

Em seguida, David pediu novamente aparte. “O senhor fala que a política tem que ter debate sério e tranquilo, o senhor não é democrata”, disparou. Kemp pediu mais cinco minutos. “O que o senhor quer defender aqui?”, questionou.

David voltou a interromper logo depois. “Eu vou acabar com sua narrativa, é só me deixar falar”. O petista retrucou. “Vai acabar com o quê? Esse palavreado nojento, de exterminar, acabar…”, começou. O deputado do PL voltou a atacar o colega. “O senhor é mentiroso, está mudando as palavras, não venha me intimidar”.

“Eu não lhe concedi o aparte!”, gritou Kemp. O presidente da Alems, (PSDB), interviu para acalmar os ânimos. Em seguida, o petista e David começaram a discutir fora dos microfones, forçando o presidente a solicitar que Kemp voltasse a discursar.

O aparte de Coronel David

Pouco depois, David finalmente rebateu os argumentos da fala. “Peço perdão se algum momento se lhe tirei o raciocínio da fala. Nos vários relatos que o senhor fez, essa indignação atinge não só a corrente política como a nossa também. E o que nos une nos difere também”, iniciou.

David listou em seguida qualidades que vê no governo Bolsonaro quando Kemp o interrompeu. “Esse governo não tem ligação com o PCC [Primeiro Comando da Capital]”, disse, ao que Kemp rebateu. “É sério? PT e PCC? Isso é fake news! Isso é baixo demais”, afirmou.

O parlamentar do PL pediu intervenção do presidente, que pediu que David concluísse. Em seguida, o petista solicitou que fosse retomado o tempo do Grande Expediente, encerrando o discurso.