A vacinação contra a Covid-19 voltou a ser tema de na Alems (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul) nesta quinta-feira (25). Mas o debate virou bate-boca após a polêmica em torno de um dos imunizantes.

Vice-presidente da Casa, Eduardo Rocha (MDB) celebrou a aprovação de projeto de lei pelo Senado Federal que autoriza os Estados, municípios e setor privado a adquirirem vacinas

“Com cerca de 1.100 pessoas falecendo por dia, a aprovação desse projeto dá esperança ao povo brasileiro. Faço um apelo para que o presidente Jair Bolsonaro não vete essa proposta. Se não ampliarmos imediatamente a vacinação, nos próximos meses mais 70 mil pessoas podem perder a vida”, afirmou.

Zé Teixeira (DEM) respondeu, em aparte, que a indústria farmacêutica pode não ter capacidade para atender o eventual aumento da demanda caso o presidente da República, Jair Bolsonaro, sancione o texto.

“É um projeto de lei de grande alcance, mas se tiver disponível para vender e eu não vejo isso no mundo. O Brasil está fabricando, mas me preocupa e até desejo que o presidente não vete, mas tem a regra que impede as empresas de vacinar, porque a prioridade é a rede pública”, disse.

O democrata prosseguiu alertando se o Estado poderá ignorar o cronograma de vacinação. Em resposta, Rocha lembrou que o recusou a compra de 70 milhões de doses da Tozinameran, vacina desenvolvida em parceria entre a farmacêutica americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech.

“A vacina da Pfizer é a única que tem registro definitivo no Brasil. Eles têm a vacina, podem vender. Os Estados e municípios não vão comprar sem registro. É melhor assumir o risco de 69 países que deixar as pessoas morrendo”, relatou o emedebista, citando a cláusula da minuta do contrato que previa que a farmacêutica ficaria isenta da responsabilidade por eventuais efeitos adversos.

Teixeira, por sua vez, defendeu a ação de Bolsonaro. “O senhor [Rocha] acha que o presidente ia assinar o contrato com a Pfizer [com essa cláusula]? Já acusam ele pelas 250 mil mortes, imagina comprar vacina da Pfizer e correr o risco de aparecer efeito colateral e ele ser responsável”, justificou.

Rocha rebateu ao lembrar que a eventual compra só ocorreria com aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “Ele [Bolsonaro] só ia comprar, como está no contrato, se a Anvisa autorizasse. Nós perdemos tempo, mas agora o Congresso autoriza os Estados e municípios a vacinar sua população”, frisou.

Comentários

Após a discussão, (sem partido) defendeu o afirmando que Bolsonaro teve cuidado ao evitar compromisso com a Pfizer. “Acho que é um cuidado que o governo federal vem tendo para evitar uma avalanche de ações judiciais por eventuais efeitos adversos graves”, disse.

David justificou que, no momento da aprovação do projeto, Bolsonaro estava cumprindo agenda no e não tinha tomado conhecimento do teor do texto. “Somente hoje esse assunto será discutido. Quaisquer manifestações sobre eventual veto não passa de especulações”, finalizou.

Por sua vez, Barbosinha (DEM) destacou a complexidade do assunto, e lembrou que houve uma corrida pela vacina, mas elogiou a atuação dos cientistas que participaram dos estudos de imunizantes.

“Temos dados de alguns países, se não me engano, no Canadá a vacinação em massa já reduziu o número de internações e mortes. Com todas as dúvidas que possam existir, a vacina é a nossa única esperança para retomar a vida normal”, explicou.

Ele prosseguiu citando que fake news prejudicaram o andamento da vacinação. “A vacina politizou o debate. A resposta para isso tem que vir da ciência, o resto é conversa fiada. Quando a Anvisa aprova uma vacina, ela está atestando que pode ser usada. E é natural que se o governo vacina, tem que ser responsabilizar. Temos poucas reações negativas para poder dizer que a população está correndo risco. Precisamos incentivar a vacinação”, ponderou Barbosinha.

Pedro Kemp (PT) ironizou comentário de Bolsonaro sobre a CoronaVac, imunizante desenvolvido em parceria da farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantan. 

“O único efeito é a pessoa virar jacaré. Mas como não aconteceu nada disso, as outras reações adversas são comuns com outras vacinas. Em menos de um ano, temos vacina e precisamos enaltecer a ciência. A vacinação precisa ser acessível a toda a população e normalizarmos as atividades”, afirmou.