Após se isolar com Covid-19 em hotel, deputado de MS pede fim de restrições e é criticado
Durante a sessão desta quinta-feira (11) da Alems (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul), o deputado estadual João Henrique Catan (PL) defendeu o fim de todas as restrições para minimizar o avanço da pandemia de Covid-19. Outros parlamentares demonstraram surpresa e criticaram o colega. As sessões da Casa de Leis tem ocorrido […]
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Durante a sessão desta quinta-feira (11) da Alems (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul), o deputado estadual João Henrique Catan (PL) defendeu o fim de todas as restrições para minimizar o avanço da pandemia de Covid-19. Outros parlamentares demonstraram surpresa e criticaram o colega.
As sessões da Casa de Leis tem ocorrido de forma mista desde novembro de 2020, para que apenas deputados fora do grupo de risco possam ir ao plenário. Catan apareceu na videoconferência no bairro Parati, e tirou a máscara de proteção para falar na rua.
“As pessoas que aqui estão não têm a impressão de estarem vivendo em uma situação de calamidade pública e nem estão usando máscara, então provavelmente já estão imunizados, já foram contaminados”, disse ele, que já teve a doença. A afirmação contraria consenso da comunidade científica e de autoridades de saúde, que já lidam com reinfecções.
Para ele, não existe mais calamidade pública e defendeu o fim das restrições para conter a doença causada pelo novo coronavírus. “As pessoas querem trabalhar, menos restrições e serem vacinadas. Não temos nem controle de quantas pessoas já pegaram ou não pegaram”, afirmou.
Diferente do que o deputado relata, tanto o Ministério da Saúde como a SES (Secretaria de Estado de Saúde) divulgam diariamente o número de óbitos e casos registrados. Para chegar aos números, as secretarias municipais contabilizam pelo número de exames realizados, que só são feitos quando os pacientes procuram ajuda médica.
O risco de subnotificação já foi considerado no Estado, mas superar isso depende de testagem em massa. Para isso, o ministério teria que oferecer condições em todo o País para testar mais pessoas.
Catan finalizou dizendo que viu pessoas em comércios do bairro sem usar máscaras, apesar de decretos estadual e municipal que obriga o uso do item em vias e espaços públicos.
Críticas
Na sequência, vários parlamentares rebateram as afirmações de Catan. Lídio Lopes (Patriota) comentou que ainda sofre com sequelas da doença e relatou casos entre amigos e familiares.
“Estou me recuperando da Covid-19. Cada dia é diferente, ontem acordei com um mal-estar violento. Estou fazendo tratamento com um pneumologista. E ele me alertou que a recuperação para quem é entubado leva até um ano”, destacou.
Lopes ainda mencionou que conhece pessoas que estão voltando ao hospital. “Tenho uma família de amigos que ficou internada 13 dias na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e agora estão internados de novo. Um amigo saiu do hospital depois de 90 dias, totalmente debilitado”, contou.
“Não temos regramento, estão se reinfectando de novo. Por isso que continuo usando máscara, continuo usando álcool porque não quero ser infectado. O risco é muito grande”, finalizou.
Lucas de Lima (Solidariedade) também destacou que contraiu a doença, assim como outros familiares. “A pandemia continua aí, e muito me assusta um deputado como o João Henrique Catan dizer essas palavras, praticamente incentivando as pessoas a não se proteger. Com certeza estamos combatendo o vírus usando máscara e usando álcool em gel. E esperamos que toda a população seja vacinada para superarmos esse mal”, ponderou.
Contágio
Em dezembro de 2020, Catan contraiu o novo coronavírus. Ele anunciou durante sessão da Alems, chegando a afirmar que estava fazendo uso da cloroquina, medicamento sem comprovação de efetividade contra a doença.
O deputado chegou a se isolar em um hotel da Capital, já que a esposa, grávida, havia testado negativo.
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