CG121: Sem ‘palco’ do dia 26, campanhas mudam e pré-candidatos vão para internet
Que 2020 é um ano bastante diferente ninguém mais tem dúvida. A pandemia, que ainda avança em Campo Grande, distanciou relações, mudou planos e cancelou festividades de uma das principais datas do calendário da cidade. O aniversário de 121 da Capital passará sem o tradicional desfile, onde, em ano eleitoral, era ‘palco’ eleitoreiro para os […]
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Que 2020 é um ano bastante diferente ninguém mais tem dúvida. A pandemia, que ainda avança em Campo Grande, distanciou relações, mudou planos e cancelou festividades de uma das principais datas do calendário da cidade. O aniversário de 121 da Capital passará sem o tradicional desfile, onde, em ano eleitoral, era ‘palco’ eleitoreiro para os pré-candidatos a prefeito mostrarem o rosto, distribuírem santinhos e ficarem mais próximos da população.
Em 2019, para se ter uma ideia, a informação foi de que 25 mil pessoas passaram pelo evento que, por causa das obras na principal via do comércio central, foi na Rua 13 de Maio naquele ano. Mas agora, ao invés de irem para às ruas, os pré-candidatos usam ‘lives’, videoconferências, reuniões virtuais, para aplacar a distância e tentar chamar atenção dos eleitores ou, ao menos, se tornarem conhecidos de algum modo.
Mudança como esta só reflete o que já é percebido em outras áreas do cotidiano, avalia o analista político Tércio Albuquerque. “Exigiu e continua exigindo um repensar de como realizar as coisas. Nesse mesmo sentido o que seria um ano eleitoral comum com um calendário estabelecido pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral], precisou ser revisto e criou certa insegurança para todos aqueles que buscam eleição ou reeleição ante às inúmeras dúvidas do que pode ou não fazer”.
Entre as liberações, como shoppings e comércio em geral abertos, entre outras tantas, permissão para aglomerações ainda é incerta e longe de ser uma realidade a curto prazo. As eleições, que ocorrem sempre em outubro, foram adiadas para 15 de novembro neste ano. Mesmo assim, as projeções indicam que as rotinas ainda não terão sido normalizadas em sua totalidade até lá.
“Muitos ainda não conseguiram se adaptar às novas regras e exigências de um novo comportamento, de uma nova forma de fazer campanha”, acrescenta o analista. Mesmo assim, ele acredita que as mudanças são favoráveis para criação de um novo jeito de “fazer política”. “Em que pese a pandemia ser um grande mal, acabou por acelerar um processo importante para toda sociedade e governos”.
Campanhas restritas
“Eu vejo tudo com muita dificuldade, porque não temos como ter contato com vários eleitores. Mas, por outro lado, as redes sociais possibilita algum tipo de campanha”, afirmou o pré-candidato a prefeito pelo PDT, Dagoberto Nogueira.
Para ele, é praticamente “impossível e até irresponsável” pensar em grande quantidade de pessoas reunidas na campanha, então o jeito será apostas no ambiente virtual e inserções na televisão, quando a medida for permitida pela legislação eleitoral.
Do Novo, o empresário Guto Scarpini afirma que uso das redes sociais foi tendência nas eleições de 2018 e, agora, será consolidado pela necessidade do distanciamento. “Acredito que essas mudanças no formato eleitoral impostas pela pandemia serão benéficas, visto que o custo de campanha deve reduzir”.
Pré-candidato do PT, Pedro Kemp, afirma que a pré-campanha tem sido nas redes sociais e com algumas visitas. Até setembro, a expectativa é que pequenas reuniões possam ser feitas, caso a pandemia esteja mais controlada. Para Marcelo Miglioli, do SD, estar mais perto dos eleitores em um momento onde autoridades recomendam o oposto, “é um paradoxo que precisamos atravessar com criatividade e, sobretudo, com responsabilidade”.
“De certo modo, a pandemia vem igualar o jogo. O desfile do dia 26 não vai acontecer e, com isso, não se movimenta tanto os candidatos no entorno do atual prefeito. Mas nossa campanha está sendo tocada pelos meios que estão disponíveis, que são as redes sociais”, diz Esacheu Nascimento, pré-candidato a prefeito do PP.
A assessoria do prefeito Marquinhos Trad, pré-candidato à reeleição, afirmou que ele está “totalmente envolvido com a gestão relacionada ao combate do Covid-19”, portanto, não respondeu aos questionamentos sobre eleição. “Está mais difícil de encontrar, mas vamos alinhando,f azer o que é possível, e estamos trabalhando seguindo os protocolos exigidos”, disse Márcio Fernandes, que deve tentar o Paço Municipal pelo MDB.
“O 26 de agosto sempre foi usado nos anos eleitorais como oportunidade de movimentação dos pré-candidatos, como vitrine. Eu tenho avaliado como naturalidade os efeitos. A grande questão é o candidato fazer circular suas ideias de forma eficiente”, diz o pré-candidato Marcelo Bluma, do PV.
Em escala mais restrita, o ‘corpo a corpo’ vai continuar acontecendo, afirma Sérgio Murilo (Podemos), mas inevitavelmente as campanhas migram com mais força para o ambiente digital. “A ideia é fazer reuniões com grupos menores, em locais abertos, com distanciamento. Mas as ferramentas tecnológicas serão usadas de forma intensa”.
“Sabemos que o vírus é uma realidade, que necessitamos de cuidado. E essa preocupação é pauta diária em nossa agenda”, diz Wilton Acosta, do Republicanos. O pré-candidato diz que redes sociais são ambientes de relacionamento e entretenimento e, a maioria, não quer conteúdo de política. Por isso, é necessária uma estratégia para comunicar na internet.
Ao todo Campo Grande tem 17 pré-candidatos e a indagação foi enviada para todos. Os que não aparecem na reportagem não deram retorno até o fechamento deste texto.
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