Atos que ganham formam nas redes sociais nos últimos dias, após falas do ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, são vistos com perplexidade por deputados federais de Mato Grosso do Sul. Com bandeiras de extrema direita, ativistas preparam protesto contra o Congresso e em defesa dos militares e do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Na semana passada, o general chamou o Congresso de “chantagista”, ao falar sobre possíveis vetos ao Orçamento que podem ser derrubados pelos parlamentares, e sugeriu que o presidente convocasse o povo para ir às ruas. A manifestação do dia 15 está marcada desde janeiro, mas a pauta mudou diante das declarações do general. O próprio presidente Jair Bolsonaro teria encaminhado a amigos um vídeo que convoca a população a ir às ruas neste dia para defendê-lo.

Para o deputado (PSD), os mecanismos são a forma ‘que o governo tem de ser manter vivo enquanto a economia não decola'. “É uma tática política: O perigo é um só: a esperteza matar o dono e a democracia morrer junto”. O parlamentar avalia como ‘absoluta falta de responsabilidade política' os que aplaudem o fechamento do Congresso, do STF (Supremo Tribunal Federal) e a volta da ditadura militar. “Estão brincando com fogo”.

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em pronunciamento na Câmara Federal. (Arquivo).

Vander Loubet (PT) acredita que haverá ‘forte resposta' por parte do Legislativo e Judiciário. No mesmo dia, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ) disse que ministro Heleno virou um ‘radical ideológico contra a democracia'.

“A postura dele [general Heleno] mostra a sanha autoritária desse governo, o desespero em lidar com a democracia e com o livre exercício dos Três Poderes”, afirma Loubet. Quanto ao comportamento de Bolsonaro, o parlamentar julga ser ainda mais grave. “Convocar a população para atos contra o e o STF é algo que atenta contra a Constituição”.

O deputado diz que é preciso organizar resposta das forças democráticas, ‘sem cor partidária', também nas ruas. “A gente percebe que esse movimento do governo Bolsonaro é um movimento orquestrado, a todo momento testam os limites democráticos e os limites das instituições”.

A reportagem pediu o posicionamento dos 11 membros da bancada federal de MS – oito deputados federais e três senadores. Os únicos a responderam a indagação, até o momento, foram Fábio Trad (PSD) e Vander Loubet (PSD).