Vereadores comemoram voto feminino culpando eleitoras por baixa representatividade
O que era para ser uso da tribuna para homenagear os 87 anos da conquista do voto feminino pelo vereador Pastor Jeremias Flores (Avante) nesta quinta-feira (28) acabou virando palanque para as mais diferentes frases sobre a participação da mulher na política na Câmara Municipal de Campo Grande, culminando até mesmo na culpa das eleitoras […]
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O que era para ser uso da tribuna para homenagear os 87 anos da conquista do voto feminino pelo vereador Pastor Jeremias Flores (Avante) nesta quinta-feira (28) acabou virando palanque para as mais diferentes frases sobre a participação da mulher na política na Câmara Municipal de Campo Grande, culminando até mesmo na culpa das eleitoras em não ter mais representantes do gênero nas Casas Legislativas.
“Não podia deixar acabar o mês de fevereiro sem homenagear as mulheres que completam 87 anos de conquista do direito ao voto. Com isso, as mulheres puderam participar mais ativamente da política. Mas há também pouca representatividade. Aqui na Câmara são duas vereadoras e na Assembleia Estadual, nenhuma deputada”, destacou.
O vereador André Salineiro (PSDB) foi além e culpou as mulheres por não ocuparem espaço no Legislativo e disse ser contra as cotas de no mínimo 30% para um dos gêneros na composição das chapas. “No meu gabinete, por exemplo, 70% dos funcionários são mulheres. Sou contra qualquer tipo de cotas, incluindo essa de ter ao menos 30% de mulheres nas chapas. A falta de representatividade também é culpa da mulher. Por que mulher não vota em mulher? Sou a favor de políticas de incentivos, mas não de cotas”, destacou.
Jeremias destacou ainda as candidaturas ‘laranjas’ e pediu desculpas antes de afirmar que ‘as mulheres não podem se deixar serem usadas pelos partidos’.
Os parlamentares foram corrigidos pela vereadora Enfermeira Cida Amaral (Pros), que os lembrou das diversas funções na rotina da mulher. “A mulher tem que estar na política, sim. Mas muitas mulheres têm jornada dupla, tripla. Acabamos ficando de fora por falta de incentivo e de ajuda, por falta de divisão de tarefas. Precisamos de políticas sólidas. Eu acredito que as cotas acabam dando um ‘jeitinho’ para que apenas o dinheiro seja usado na campanha, mas não necessariamente a da candidata”, opinou.
O vereador Delegado Wellington (PSDB) chegou a cantar uma música de Erasmo Carlos para homenagear o ‘sexo frágil’. “As mulheres ocupam papel de destaque por causa da sua sensibilidade e carisma”. O vereador Jeremias completou. “A mulher não é o sexo frágil, não. Muitas mulheres são mais fortes que os homens. Frágeis talvez no emocional, aí sim”, finalizou.
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