Grupo ecoextremista reclama do agronegócio em MS e promete ataques neste ano

Por uma caixa de e-mail criptografada na Suíça, Anhangá, personagem conhecido nesta semana após relatar à Revista Veja que o grupo terrorista planeja atacar o presidente Jair Bolsonaro (PSL), revelou ao Jornal Midiamax que Mato Grosso do Sul é visto como um ‘inferno do agronegócio’ para a SSS (Sociedade Secreta Silvestre) e garantiu que o […]

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Foto encaminhada pelo ITS Brasil
Foto encaminhada pelo ITS Brasil

Por uma caixa de e-mail criptografada na Suíça, Anhangá, personagem conhecido nesta semana após relatar à Revista Veja que o grupo terrorista planeja atacar o presidente Jair Bolsonaro (PSL), revelou ao Jornal Midiamax que Mato Grosso do Sul é visto como um ‘inferno do agronegócio’ para a SSS (Sociedade Secreta Silvestre) e garantiu que o grupo planeja ataques para este ano no país.

Integrante de um grupo que se autodenomina eco-extremista, a sociedade faz parte do grupo terrorista internacional ITS (Individualistas que Tendem ao Selvagem), defendendo a natureza, contrária ao modo de vida atual, que prioriza a produção em larga escala em detrimento do meio ambiente. Para combater o modo de vida atual, a SSS quer difundir ‘guerra psicológica’ e afirma já ter sido autora de três ataques a bomba em Brasília.

“Uns danam colossalmente, outros danam pouco, mas todos danam e não fazemos distinções, e toda esta estrutura tecno-industrial só se sustenta porque há civis operando e a defendendo”, relata Anhangá.

Mas apesar de manter 83% da cobertura vegetal nativa, o bioma Pantanal tem apenas 4,6% da área protegidos por unidades de conservação, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Terra da ministra do Agronegócio, Tereza Cristina (DEM), alvo de críticas após a liberação de agrotóxicos neste ano, o Jornal Midiamax conversou com Anhangá, que significa ‘espírito que protege os animais’, em tupi-guarani, sobre as questões que preocupariam o grupo extremista.

Ele seria um dos líderes do grupo e morador de Brasília, procurado pela Polícia Federal desde o vazamento do planejamento dos ataques ao presidente da República. Na troca de mensagens, é possível perceber que a Sociedade é pequena e que teria poucos recursos para planejar grandes ataques, como admitem.

Do contato inicial da reportagem com a organização terrorista internacional ITS no México até a primeira resposta de Anhangá a reportagem, foram dois dias. Por meio do representante, a organização revela se preocupar com a devastação do ecossistema do Pantanal e do Cerrado e afirma não ter lado político, apesar de não reclamar da visibilidade trazida pela reportagem da revista de circulação nacional para o pequeno número de membros no país.

O grupo eco-extremista reencaminhou o contato da equipe de reportagem a Anhangá pelo e-mail criptografado, nos respondendo que a mensagem já havia sido enviada ao representante do ITS no Brasil.

Anhangá, então, entrou em contato da sua caixa de e-mail criptografada com a da reportagem. Ao contrário do processo de produção da matéria da revista, quando ele encaminhou um link para um chat privativo, em que as mensagens eram destruídas após 24 horas.

Grupo ecoextremista reclama do agronegócio em MS e promete ataques neste ano
Em troca de e-mails com a reportagem, Anhangá encaminhou imagens da SSS e de explosivos feitos pelo grupo

Dois dias antes de a Revista Veja publicar uma possível nova ameaça ao presidente, o site oficial do ITS, Maldición Eco-extremista, divulgou um comunicado enviado pelo braço brasileiro do grupo intitulado “Destruindo uma invenção política com o nosso nome”.

O texto tentava desligar qualquer atentado do SSS a ligações com a esquerda ou direita políticas. No entanto, Anhangá não negou em entrevista ao Jornal Midiamax o ódio ao que chama de ‘posturas cínicas’ do governo de Bolsonaro. O grupo também encaminhou fotos de dois explosivos que estariam sendo produzidos para serem utilizados ‘a qualquer momento’.

Grupo ecoextremista reclama do agronegócio em MS e promete ataques neste ano
Ao Jornal Midiamax, Anhangá encaminhou fotos de explosivos feitos pelo ITS

As mensagens foram reproduzidas na íntegra, mantidos os erros de digitação e de grafia.

Qualquer um pode ser alvo

“Uma coisa que deve ficar clara é que ITS não é um grupo que visa exclusivamente atacar governos, sejam eles quais forem, até porque isso gera um enorme trabalho e custo, algo que ainda não podemos bancar. Uma visão sobre nós está sendo moldada neste sentido, e está equivocada. Nós como eco-terroristas que somos podemos visar uma infinidade de alvos, desde um simples carro até pesquisadores, estudantes ou até civis, dado que desprezamos a vida humana civilizada e consideramos que a humanidade moderna, com o seu estilo de vida, é irreconciliável com a natureza selvagem e intrinsecamente danosa. Portanto, esperem por qualquer alvo. ITS como um grupo eco-extremista internacional já atacou presidentes de megaempresas, mas também atacou civis comuns indiscriminadamente, e todos sob o mesmo impulso. Uns danam colossalmente, outros danam pouco, mas todos danam e não fazemos distinções, e toda esta estrutura tecno-industrial só se sustenta porque há civis operando e a defendendo, conscientemente, por mais que neguem que assim seja, sobretudo os esquerdistas. Então, os alvos são infindos. Governos, sejam eles quais forem, sempre foram danosos, afinal o progressismo sempre foi buscado e ele é alcançado apenas através de danos graves à natureza, como mineração, desmatamento, barramento de rios, monoculturas, etc.. Acontece que o novo governo ressignificou o interesse em danos, nos parece proposital e há muito cinismo. Olhe aquele Salles, como é cínico. Bolsonaro fazendo papel de estúpido quis rebater esta semana dados objetivos do INPE com a intenção de negar o abissal desmatamento que ocorre no país. Então, é custoso visar alvos do governo e raramente o fazemos, mas esse governo tem nos enfurecido de uma maneira bastante particular devido a suas posturas cínicas e explícitas referente a questões ambientais”.

Liberação de agrotóxicos

“Não defendemos qualquer tipo de agronegócio, tampouco agrotóxicos, nossa perspectiva é outra. Mas é odioso o que esta pessoa tem feito, defender e liberar dezenas daqueles produtos químicos, muitos deles periculosíssimos e condenados em outros países. As consequências destes produtos sempre foram drásticas, sendo abruptas ou lentas, por “menos nocivos” que fossem. Sabe-se hoje que o declínio de insetos, especialmente aqueles polimerizadores, tem relação direta com a aplicação de pesticidas. Não é atoa que vulgarmente os chamam de “veneno”. Este país é um dos que mais consomem agrotóxicos no mundo, são toneladas todos os anos, estes produtos contaminam solos, rios, córregos, matam animais e insetos e se impregnam nos alimentos distribuídos. O resultado, além dos danos graves à natureza, são doenças neurológicas, câncer e tantas outras enfermidades. Mato Grosso é um inferno do agronegócio, e o Pantanal é rico e diverso, e como qualquer outro ecossistema neste país, especialmente o Cerrado, está ameaçado pela agropecuária. Tereza Cristina é como uma outra Kátia Abreu, a nova “rainha do motosserra”, e não hesito em dizer que será tão pior quanto.

Para ilustrar melhor o absurdo enquanto terminava minhas respostas, tive que voltar nesta pergunta para atualizá-la, já que hoje, 22 de Julho, acabo de saber que foi aprovado o registro de mais 51 agrotóxicos, totalizando 262, apenas neste ano, incluindo o Sulfoxaflor, inseticida do qual estudos mostram relação com o declínio da população de abelhas. Explosivos que dilaceram membros não são nada se comparados aos danos causados à natureza por nossa espécie’.

Ligações com o Paraguai

“Não existe nenhum membro de ITS no Paraguai. Mas já há algum tempo prestamos atenção no Exército do Povo Paraguaio (EPP), que inclusive realizou um interessante ataque há pouco tempo através de um braço indígena da organização, matando um brasileiro e causando danos materiais. Mas não temos qualquer tipo de contato ou relação com o grupo, há inclusive completa divergência em nossos caminhos, apenas tiramos lições da bela atuação destes insurgentes”.

SSS e PCC

“Não existem membros de ITS por “todo o país”. O grupo não possui esta dimensão. Quando emitimos aquele comunicado [de apoio ao PCC] estávamos apenas nos alinhando às intenções destas facções de atacar e retaliar autoridades e militares, já que um “salve geral” poderia ser dado a qualquer momento devido a transferência de líderes do PCC após planos de fuga frustrados. Se isso ocorresse, mesmo sem nenhuma ligação com o grupo, certamente atacaríamos contribuindo com as intenções caóticas da facção, porque diretamente isso contribuiria também com as nossas, caos e desestabilização da sociedade”.

Ataques planejados?

Tem algo que sempre levamos em mente quando nos fazem esta pergunta. Em 1970 uma das informações cruciais para os militares alemães elaborarem um plano para aniquilar a organização palestina Setembro Negro na Alemanha, grupo terrorista que sequestrou e matou onze atletas israelenses, foi a quantidade de membros da organização. Durante as negociações na vila olímpica em Munique eles deixaram escapar seu contingente, e isso foi importantíssimo para uma contrainsurgência contra os rebeldes palestinos. Então jamais diremos quantos de nós existem, isso seria um tiro em nosso próprio pé. E sim, existem mais ataques planejados para este ano. Apenas aguardem.

 

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