A vereadora () decidiu dar mais detalhes sobre sua saída do , o que gerou um processo no Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul contra ela por infidelidade partidária e pode ocasionar na perda do mandato. A parlamentar alega que era discriminada dentro da legenda por ser mulher.

Este foi um dos argumentos utilizados em sua defesa para justificar a justa causa à Justiça Eleitoral. A direção do partido, por sua vez, diz que a acusação é grave e que pode registrar mais uma queixa contra a vereadora de .

“Faço questão de frisar que eu saí por justa causa. Uma das razões foi a questão da discriminação pessoal grave. Imagina você a única mulher do partido, eleita numa Capital, não participei de nada do partido”, relatou Cida Amaral ao Jornal Midiamax nesta terça-feira (12).

“Em todas as gravações, em todas datas comemorativas, como por exemplo o Dia da Mulher, nenhuma mulher sequer do partido foi chamada para fazer parte. Eu achei até que o partido nem iria entrar com recurso ele sabendo da justa causa que ele mesmo cometeu”, complementa a parlamentar.

Cida diz que outra motivação para a saída da legenda foi a mudança de nome e nos rumos de como o Podemos é gerido. “Fui eleita pelo PTN, que tinha outros princípios. Agora eles estão no Podemos, porém eu não estava confortável da maneira que o partido estava sendo conduzido”, afirmou.

Outro lado

Tendo em vista os argumentos da vereadora da Capital, a direção municipal do Podemos diz estar “decepcionada” e que as acusações são “mentirosas” e pode acioná-la novamente na Justiça.

“Primeiramente ela fez uma acusação grave e nós como partido ficamos imensamente decepcionados por ela estar mentindo para a sociedade”, disse o o presidente municipal do Podemos, Juliano Gogosz, ao Jornal Midiamax nesta terça. “Diante dessas acusações maldosas, maléficas, nós vamos mais uma vez registrar uma queixa contra essa atitude. Ela está difamando o partido, porque o partido apostou nela”.

Gogosz afirma alegação de Cida Amaral não procede, levando-se em conta que ela foi apoiada na convenção antes das eleições municipais, teve maior participação nos programas de rádio e TV, e foi convidada para assumir a presidência municipal da sigla, mas rejeitou a oferta.

Outro fator apontado por Juliano que derrubaria a acusação de o partido fazer discriminação de gênero é o fato de a presidência nacional da legenda ser ocupada pela deputada federal por São Paulo Renata Abreu. “Como podemos ter discriminação contra mulher? Isso é uma coisa caluniosa”, afirma.

Sobre a mudança de nome e condução do partido, Juliano diz que se tratou apenas na troca de nomenclatura e não houve qualquer alteração em seus princípios políticos. “Tem vídeo dela apoiando na Câmara, dizendo que foi muito bom para os rumos do partido”.

O caso

O Podemos acionou o Tribunal Regional Eleitoral em ação declaratória de perda de mandato contra a vereadora Cida Amaral alegando que não houve justificativa para a desfiliação, o que geraria a infidelidade partidária. A Justiça Eleitoral aceitou a denúncia e o relator do processo, desembargador João Maria Lós, deve tomar uma decisão até o fim de julho.

A mudança de partido de Cida Amaral veio a público em abril deste ano, quando estava aberta a janela partidária que permitia deputados estaduais e federais trocarem de legenda sem correr o risco de perder o mandato. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral vetou a vereadores essa possibilidade.

Com isso, membros de legislativos municipais só podem trocar de legenda por motivo de “justa causa”, como define a lei eleitoral, do contrário podem perder o mandato por se desfiliar pelo partido do qual foi eleito, por infidelidade.

Apesar de ter divulgado a troca de legenda em abril, Cida se filiou ao Pros oficialmente no dia 8 de janeiro de 2018. No entanto, continuava atuando como representante do Podemos na Câmara Municipal de Campo Grande até o fim da janela partidária, quando a mudança se tornou pública.

Graças a isso, o Podemos abriu notícia crime defendendo que houve dupla filiação e improbidade.