Parlamentares dizem que solução  passa por combate na rota do tráfico

Pelo menos metade dos deputados federais de Mato Grosso do Sul pretendem votar a favor do decreto de intervenção na segurança do Rio de Janeiro, na noite desta segunda-feira (19). Às 19h, uma sessão deliberativa extraordinária na Câmara deve definir a autorização à medida do governo federal, que em seguida deve passar pelo Senado.

Parlamentares ouvidos pelo Jornal Midiamax, na manhã desta segunda, acreditam que o estado fluminense está em uma situação próxima a de uma guerra, o que justificaria uma medida “mais dura”. Entretanto, possuem dúvidas quanto à eficácia de colocar o exército nas ruas, sem perder de vista o aspecto político que a intervenção pode carregar e defendem uma ação efetiva na fronteira sul-mato-grossense.

“Não vamos colocar obstáculo para isso, acho que é uma medida de governo e há um clamor popular em relação a isso, porque estamos perdendo a guerra contra o tráfico. Então, talvez tenha que ser mais duro mesmo”, diz Dagoberto Nogueira (PDT). “Lógico que isso tem consequências políticas. Mas há uma preocupação de a gente ficar contra e a população não entender a questão política por detrás disso”.

Apesar de apoiar a medida, Dagoberto aguarda uma definição da bancada do partido a ser deliberada durante a tarde. O mesmo ocorre com Zeca do PT, que só vai declarar voto após posição da legenda, embora diga ser a favor do decreto.Deputados de MS votam pela intervenção no Rio, mas pedem ação na fronteira

“Pessoalmente acho que devemos votar favoravelmente, mas com restrições”, pondera Zeca. “Temos que ter segurança de que isso não vai mais ser uma invenção do Temer, mas o Rio de Janeiro merece cuidado e atenção. Acho que essa pode ser uma iniciativa, preservando as forças armadas, porque pode colocar o Exército numa fria”.

Já Geraldo Resende (PSDB) defende seu voto a favor, mas considera que a intervenção não vai resolver o problema da violência carioca. “Mesmo sendo uma medida paliativa, que não leva em consideração outros aspectos, o Rio está dominado pelo crime organizado e precisamos agir emergencialmente para fazer esse enfrentamento. E o governo chegou ao limite”.

Isso é evidenciado na justificativa de Fábio Trad (PSD) que disse ser necessária intervenção bélica para poder bater de frente com as facções cariocas. “O número de mortos de policiais mostra que a criminalidade elegeu o Estado como inimigo a ser abatido. Portanto, a lógica de guerra tem pertinência nesse sentido. Claro que respeitando o direito e garantias de todos”, argumentou em vídeo nas redes sociais.

Olhar para MS

Ao tratar a medida como paliativa, Geraldo Resende acredita que a criminalidade deve ser combatida em seu início, na fronteira dos países vizinhos produtores e fornecedores de armas e drogas, como Bolívia e Paraguai.

“O governo federal precisa ter um plano de combate ao crime organizado que está muito presente na fronteira. Todos sabem que não adianta ter intervenções nos grandes centros se não tiver medidas efetivamente de combate ao tráfico de drogas e armas que passa pela fronteira de Mato Grosso do Sul”, diz o tucano.

Dagoberto vai mais longe e diz que falta vontade ao governo federal em organizar o enfrentamento ao tráfico na fronteira. “Não adianta nada fazer intervenção no Rio de Janeiro se não bloquear as fronteiras, porque vai continuar entrando do mesmo jeito e não vai resolver o problema. Mas parece que não têm intenção de resolver o problema. Essa que é a causa, tem que resolver na entrada. Tem que barrar aqui primeiro”.

A reportagem tentou contato com os outros quatro membros da bancada de Mato Grosso do Sul, mas não atenderam às ligações ou as assessorias não deram retorno até a publicação desta matéria.

*Foto: Agência Brasil e Agência Câmara