Vereador novato leva puxão de orelha por falar de secretário estadual

‘Aqui não é o lugar’, explicou tucano no plenário

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‘Aqui não é o lugar’, explicou tucano no plenário

Colegas de legislatura puxaram a orelha do novato Vinícius Siqueira (DEM) por falar na sessão desta quinta-feira (23) de assunto que envolveria secretário estadual. Ele foi interpelado por representantes do maior partido na Câmara de Campo Grande, PSDB, dizendo que ali não era o local para comentar os rumores de um vídeo supostamente implicando membros do governo em atividades ilícitas.

Oficialmente ninguém tem informações sobre as pretensas filmagens que ganharam as redes sociais na última semana, embalando a antecipação da reforma administrativa anunciada por Reinaldo Azambuja. Mesmo assim, Vinícius usou a tribuna para dizer que aguardava investigação depois de ‘receber no whatsapp’ informações de um suposto flagra.

“São pessoas importantes, quero acreditar que não seja verdade”, disparou Vinícius em referência ao ‘suposto fato do suposto vídeo’. Delegado Wellington (PSDB) foi primeiro a apartear o colega e sugerir que ele poderia registrar um boletim de ocorrência sobre o fato, para dirimir dúvidas.

O democrata acatou a sugestão e prometer procurar uma delegacia de polícia. Na sequência, o policial federal e vereador André Salineiro, também do PSDB, criticou o colega do DEM, por usar a tribuna para falar do que chamou de ‘fatos não comprovados’.

“Qualquer um pode ser vitima da imprensa irresponsável”, ponderou o tucano. João Cesar Mattogrosso, outro do PSDB, pediu apoio da imprensa para manter a ‘veracidade’.

Boataria e Pós-Verdade

O episódio do tal vídeo, por ora, se enquadra no que teóricos têm chamado de pós-verdade, que é quando rumores e crenças pessoais ganham mais importância que fatos objetivos para definir a opinião pública. Ninguém até o momento apresentou a suposta gravação que, segundo uma das versões, teria vazado de uma operação contra corrupção expondo membros do governo em atividades ilícitas.

De qualquer forma, os rumores se espalharam nas redes sociais a ponto de o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) antecipar o anúncio da reforma administrativa para tentar conter a boataria.

O termo ‘pós-verdade’, post-truth, em inglês, chegou a ser eleito como ‘palavra do ano’ de 2016 pelo Dicionário Oxford, e tem sido aplicado a situações análogas ao episódio do vídeo em MS, como quando espalharam que o Papa Francisco estaria apoiando o então candidato Donald Trump para presidência norteamericana. O Vaticano negou, mas não conseguiu reverter o rumor em muitos públicos.