Lava Jato denuncia lobistas ligados ao PMDB, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro

Cunha é um dos beneficiados pelo esquema

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Cunha é um dos beneficiados pelo esquema

A força-tarefa Lava Jato denunciou nesta sexta-feira (31) lobistas acusados de atuarem junto a políticos do PMDB, entre eles o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, condenado ontem a 15 anos de prisão. Jorge Luz, Bruno Luz e outras sete pessoas são suspeitos de participação em esquema de distribuição de propinas da Área Internacional da Petrobras.

“Os dois atuaram como representantes dos interesses de parlamentares e funcionários públicos da Petrobras corrompidos para recebimento de propina em contratos de aquisição e operação de navios-sonda da Área Internacional da Petrobras”, explica a assessoria da operação.

Milton e Fernando Schain, executivos do grupo Schahin; os doleiros Jorge e Raul Davie; o ex-funcionário da Petrobras Agosthilde Mônaco e os ex-gerentes da Área Internacional Demarco Epifânio e Luis Carlos Moreira também são acusados do mesmo crime.

Esquema

Um dos casos é a contratação do navio-sonda Petrobras 10.000 do estaleiro coreano Samsung pelo valor US$ 586 milhões entre 2006 e 2008. “Nessa oportunidade, Jorge e Bruno Luz atuaram junto aos lobistas Fernando Soares e Júlio Camargo e ao ex-diretor Nestor Cerveró para operacionalização do pagamento de propina de US$ 15 milhões, sendo parte destinada a políticos do PMDB e parte destinada a funcionários corruptos da Petrobras”, relata a força-tarefa.

Jorge e Bruno Luz faziam o “jogo de campo” entre parlamentares federais do PMDB, de acordo com a denúncia, com esquemas de lavagem de dinheiro, ao utilizar conta oculta na Suíça da offshore Pentagram. A offshore seria controlada pelos dois. Os doleiros uruguaios Jorge e Raul Davies, também denunciados, indicariam contas no exterior para repasse a políticos. Um dos políticos identificados como beneficiário dos valores é Eduardo Cunha.

Os ex-gerentes da Área Internacional da Petrobras Demarco Epifânio e Luis Carlos Moreira também receberiam os valores. Eles respondem ainda por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em fatos envolvendo o Vitoria 10.000, outro navio-sonda contratado da Samsung em 2007 ao custo de US$ 616 milhões mediante pagamento de propina de US$ 25 milhões, de acordo com a polícia federal. 

“Para o recebimento da propina dos dois contratos, os funcionários da Petrobras usaram contas no exterior, sendo que Demarco Epifanio contou com o auxílio do ex-funcionário Agosthilde Mônaco, que emprestou uma conta oculta no exterior para o recebimento da vantagem indevida”, explica a operação.

Outras irregularidades na contratação dos navios-sonda pela Comissão Interna de Apuração da Petrobras foram apontadas na denúncia, “principalmente quanto à ausência de processo competitivo e ao descumprimento das normas de governança da companhia”, cita a operação. Os fatos em questão já foram objeto de apuração perante a 13ª Vara Federal e culminaram na condenação de Nestor Cerveró, Julio Camargo e Fernando Soares.

O esquema foi desenrolado, de acordo com a operação, com provas colhidas durante a investigação pelos procuradores, “reforçadas por depoimentos e documentos obtidos em colaborações premiadas, quebras de sigilo bancário e fiscal, relatório de Comissão Interna de Apuração da Petrobras e rastreamento de contas ocultas no estrangeiro”.

“Além dos contratos de aquisição dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitoria 10.000, também é objeto da denúncia a contratação da Schahin Engenharia para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 ao custo de US$ 1,6 bilhão. Os executivos do grupo Schahin ofereceram propina de US$ 2,5 milhões aos funcionários da Área Internacional da Petrobras para dar viabilidade técnica à contratação”, esclarece a polícia federal.

Nestor Cerveró, Eduardo Musa e Luis Carlos Moreira, gerente da área na época estão entre os agentes públicos envolvidos no esquema. Os lobista Jorge e Bruno Luz, nesse caso, atuaram junto a Milton Schahin e Schahin, “intermediando a propina por meio de operação de lavagem transnacional de capitais com a utilização de contas ocultas no exterior”.

O contrato também é relacionado ao que a força-tarefa chama de “quitação fraudulenta” de um empréstimo de US$ 12 milhões concedido pelo Banco Schahin a José Carlos Bumlai em 2004. A sentença em questão tramitou na 13ª Vara Federal de Curitiba

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Foto ilustrativa | Reprodução