Vereadores preferem muro e podem frustrar planos de reeleição de Bernal

Prefeito tenta última cartada

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Prefeito tenta última cartada

O prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), tenta convencer vereadores a integrarem a base de sustentação dele na Câmara mas, como de costume, desde que começou o mandato, encontra dificuldade. O progressista tem a fama de não ser dos melhores para se conviver e não conseguiu, desde o início, articulação política para garantir sustentabilidade. Agora, no último ano, tenta reverter a difícil situação criada, segundo alguns vereadores, por ele mesmo.

O vereador Airton Saraiva (DEM), oposição declarada a Bernal, explica que o prefeito começou mal desde os primeiros dias, quando desafiou a Câmara, sem motivo, na primeira visita que fez ao Legislativo. Segundo Saraiva, Bernal chegou e disse: agora eu tenho a caneta. A declaração irritou vereadores, que receberam o recado como uma declaração de guerra.

Agora, no último ano, Bernal tenta, novamente, reverter este quadro, que o levou, inclusive, a cassação. O primeiro alvo é o PT, que já foi aliado, mas agora anda meio distante. Após várias trocas e farpas, sobre cargos, petistas e Bernal tentam fechar um acordo, que torna-se difícil perto da eleição.

O secretário de Governo de Bernal, Paulo Pedra (PDT), tem esperança de conquistar oito para a base de sustentação, mas terá dificuldade. Os vereadores entrevistados pela reportagem não demonstraram interesse em compor a base e querem ficar independentes.

O vereador Francisco Saci (PRTB), um dos cotados para base de Bernal, alega não ter conversado com o grupo do prefeito recentemente e, por enquanto, continuará independente. “Não conversei com ninguém. Continuo independente. É um ano político, de definir chapa, esperar. Temos que votar pelo bem da cidade, que é obrigação nossa”, justificou.

O vereador Roberto Durães (PT), aguarda reunião do partido, mas também usa discurso da responsabilidade que tem como representante do povo. “Na verdade, temos a responsabilidade de, como vereadores, homens públicos, participarmos da construção de uma nova sociedade, da valorização humana. Ajudamos o Bernal no segundo turno. Fomos incansáveis na consciência de que não poderia ser cassado, por não ser legal, democrático. Houve esta ruptura e eu não estava presente. Eu, voltando, entendi que deveria ser elo para, por mais que tenhamos poderes independentes, tenha harmonia. O que o prefeito faz a favor do povo, tem meu apoio. Não tem, vou pra cima disso”, justificou.

O vereador Eduardo Cury (PTdoB) também quer independência e não vê com bons olhos a ideia de se definir como base ou oposição. “Eu, particularmente, acho que não é bom ficar engessado, imobilizado, só com duas opções na vida: ou contra a administração ou a favor. Além de não ser inteligente, não vejo isso como uma coisa que a população aceite ou concorde. Não posso ser oposição de quem esteja acertando e, ao mesmo tempo, não posso defender pessoas indefensáveis. Como o prefeito não tem como linha de administração a troca de cargo ou barganha, nos ficamos muito a vontade com isso. Não me sinto na obrigação de cumprir acordo. Não fiz acordo”, concluiu.

Além de Eduardo Cury, Francisco Saci e o trio de petistas, composto por Durães, Alex do PT e Ayrton do PT, Bernal tenta manter os vereadores Betinho (PRB), Luiza Ribeiro (PPS) e Cazuza (PP) na base dele.

 

Conteúdos relacionados

Agência Brasil
prefeita eldorado