Planilha apreendida com presidente da Odebrecht lista políticos de MS

Atual governador e o ex teriam recebido R$ 900 mil

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Atual governador e o ex teriam recebido R$ 900 mil

Pelo menos quatro políticos de Mato Grosso do Sul têm os nomes listados em documentos apreendidos na casa de Benedicto Barbosa Silva Junior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, no dia 22 de fevereiro. Em planilhas ou listas simples, aparecem o atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Estão listados também os deputados federais Vander Loubet (PT), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e ainda alguém identificado apenas como ‘boiadeiro’ e listado como sendo ‘de Mato Grosso do Sul’. Juntos, eles estariam relacionados pelos papéis a supostas doações de R$ 1.480.000,00 da Odebrecht desde 2010.

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) aparece em uma planilha ao lado de colunas que apontam registros de R$ 500,00. Os números seriam referência a pagamentos mil vezes maiores (R$ 500 mil), levando em conta, segundo apontam as investigações, a soma de doações da construtora, que, oficialmente desde 2010, doou cerca de R$ 80 milhões a políticos nas campanhas de 2010, 2012 e 2014. 

Na linha referente a Azambuja consta, em maio de 2012, o registro de “R$ 150,00” e outros “R$ 350,00” em 2014. As datas coincidem com as candidaturas de Reinaldo a prefeito de Campo Grande e a governador de MS, respectivamente.

Já André Puccinelli (PMDB) está relacionado pelos documentos a R$ 500 mil solicitados, porém R$ 400 mil pagos em 2010, quando foi reeleito governador. Em sua prestação de contas daquele pleito não há referências a valores recebidos da empreiteira, apenas R$ 4,2 milhões oriundos da Executiva Nacional do partido.

Os deputados federais Vander Loubet (PT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) também aparecem nas planilhas apreendidas. Na campanha de 2010, quando ambos foram eleitos, cada um teria supostamente recebido R$ 40 mil da empresa, segundo os indícios nos documentos apreendidos.

Na prestação de contas feitas à Justiça Eleitoral em 2014, Reinaldo revelou que recebeu R$ 400 mil da Construtora Norberto Odebrecht, já em 2012, quando sequer chegou ao 2º turno, ele não declarou doações da empreiteira investigada pela Operação Lava Jato.

Reinaldo teria recebido, segundo a planilha, o dobro que um político identificado como ‘Candidato Neves/MG’. A lista apreendida pela Polícia Federal se tornou a maior apreensão de relação dos supostos pagamentos da construtora a políticos e partidos.

As planilhas integram arquivos com tabelas, algumas separadas por Estados e regiões, outras por partidos. Alguns documentos, segundo os investigadores, citam inclusive ‘campeonatos esportivos’.

Apesar das revelações, não há indicativos de que os valores repassados aos políticos sejam frutos de desvios ou propinas, uma vez que a Polícia Federal ainda investiga o material apreendido. As investigações pretendem verificar a regularidade dos valores doados. 

A Construtora, uma das maiores do país, informou que vai colaborar com as investigações. Durante as buscas em sua sede, os agentes encontraram um software de gerenciamento de contratos e pagamentos que fazia uma espécie de ‘contabilidade paralela’ da empreiteira.

Respostas

reinaldo_azambuja-andre_puccinelli-governadoria-gw_2_0_0.jpgA assessoria do governador Reinaldo Azambuja informou as doações recebidas da empreiteira em 2014 estão na prestação de contas feitas à Justiça Eleitoral, e o dinheiro foi recebido via Executiva Nacional do partido, mesma fonte dos valores referentes a 2012, quando ainda não havia obrigatoriedade de revelação da fonte doadora.

A reportagem do Jornal Midiamax ligou para o ex-governador Puccinelli, às 12h55, e ele não atendeu às ligaçoes. A assessoria de imprensa do ex-governador informou que o escritório dele está em horário de almoço e que ele ainda não tomou conhecimento do assunto e que deve se posicionar à tarde.

A assessoria de imprensa do deputado Vander Loubet informou que ele, durante campanha, recebeu doações legais pelas quais prestou contas e foram devidamente aprovadas. Luiz Henrique Mandetta foi procurado e não se manifestou.

(Matéria editada às 15h14 para acréscimo de informação)

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