Advogado não descarta delação

A carta de renúncia de Gilmar Olarte que o advogado Jail Azambuja entregou nesta quinta-fera (8) na Câmara de diz respeito aos cargos de prefeito e de vice-prefeito, ambos exercidos pelo ex-companheiro de chapa de Alcides Bernal (PP).

Jail explicou que este era um assunto que vinha sido tratado há algum tempo com Olarte e que tomou forma após a sua prisão durante a Operação Pecúnia. “Com isso, esperamos que os processos se encaminhem para o primeiro grau, já que ele não tem mais foro privilegiado”.

Olarte responde por uma ação penal sobre a investigação da Operação Adna de 2014, que ‘descortinou' articulações de ‘irmãos de igreja' para suposto esquema que teria levantado R$ 900 mil em empréstimos com agiotas mediante a promessa de vantagens na Prefeitura.

Salem Pereira Vieira, Gilmar Olarte e Ronan Edson Feitosa de Lima, principais implicados no suposto esquema eram todos membros da Assembleia de Deus Nova Aliança (ADNA) do Brasil, à epoca em que os delitos teriam sido cometidos.

Nos outros dois procedimentos, Operação Coffee Break e Operação Pecúnia, Olarte é denunciado. Na Coffee Break, o Ministério Público do Estado denunciou ao Tribunal de Justiça 24 pessoas por suposta associação criminosa, corrupção passiva e ativa. A Justiça ainda não determinou se acata ou rejeita a denúncia do órgão.

Na Operação Pecúnia, Olarte, a esposa Andreia Olarte e outros dois empresários são investigados por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Eles comprariam imóveis do casal em nome de terceiros para esconder os bens dos mesmos.

Delação

O advogado afirmou que uma delação não está descartada da defesa de Olarte. “Não descartamos qualquer possibilidade de defesa, como a delação. Nosso objetivo agora é conseguir tanto a liberação dele (Olarte) como da esposa”. Como os procedimentos de ambos estão juntos, Andreia também passará a responder em primeira instância.

Após duas recursas de habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça), a defesa tenta a liberdade do casal no STF (Supremo Tribunal Federal).

Quem é o vice?

Com a renúncia de Olarte, o tucano João Rocha (PSDB) presidente da Câmara de Campo Grande, assumiria a prefeitura em ausência do atual prefeito Alcides Bernal (PP). O vereador não quis comentar o assunto.

“Até então eu sou o presidente da Câmara. Se isso vier a acontecer a gente discute depois como funciona”. Para o ex-juiz eleitoral e advogado constitucional André Borges, entretanto, com a renúncia, se o Bernal, por algum motivo, for novamente afastado da Prefeitura, a Câmara de Vereadores fará eleição para alguém terminar o mandato, não sendo necessário que seja um vereador. 

Após duas horas de reunião com o advogado, a sessão da Câmara terminou com a leitura da carta de renúncia de Olarte pelo vereador Carlão (PSB), que apenas informava o fato, sem discurso ou justificativas. O ato é inédito em Campo Grande.