No Senado, oposição e governistas trocam críticas em função da crise política

Discursaram sobre o agravamento da crise

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Discursaram sobre o agravamento da crise

Senadores de oposição e da base aliada do governo subiram à tribuna do Senado hoje (17) para discursar sobre o agravamento da crise política vivida pelo país, provocando movimentação atípica no plenário da Casa para uma quinta-feira à tarde. Iniciando os debates, o líder do PSDB na Casa, senador Cássio Cunha Lima (PMDB-PB), disse que “estamos chegando ao epílogo deste governo” e que isso está provocando “o desespero” dos que compõem o governo.

Segundo Cunha Lima, a estratégia dos governistas está baseada em atacar o juiz Sérgio Moro, o Ministério Público, a oposição e a imprensa. “É esse o eixo de ação do governo que chegou ao seu instante derradeiro, são os estertores do governo”, disse.

O discurso do líder tucano foi aparteado por diversos senadores. O senador José Serra (PSDB-SP) disse que “quanto mais tempo passar, pior será a situação”. Para ele, a crise política e econômica vivida pelo Brasil é pior que a de 1964, mas o país desta vez não está dividido. “A rejeição do atual governo ultrapassa os 80%. Esse é um fator, por incrível que pareça, que me faz pensar com otimismo no futuro. Acho que esse é um dado, um ingrediente importante. Segundo, não há fator militar. Estamos livres hoje do fator militar que infelicitava a vida da América Latina décadas atrás”, avaliou Cunha LIma.

O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), também aproveitou a oportunidade para falar em favor do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e para pedir que o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolva a Medida Provisória 717, encaminhada pelo governo para dar status de ministério à chefia de gabinete da Presidência da República.

“Onde já se viu isso? Há urgência e relevância? Isso é uma afronta”, disse. “Não tem cabimento votarmos aqui uma reforma administrativa na semana passada e a presidente da República mandar, em caráter de urgência urgentíssima e, ao mesmo tempo, de relevância, a criação de um cargo. Vejam bem o absurdo! Amanhã, provavelmente, se o cabeleireiro da presidente Dilma for investigado, ela vai criar o quê? Um ministério”, completou.

Senadores governistas, no entanto, também participaram do debate defendendo o governo e criticando as recentes decisões judiciais que tornaram públicos os diálogos grampeados do ex-presidente Lula e as que suspenderam a posse dele como ministro-chefe da Casa Civil.

“Senador Cássio, olha, tem que haver uma diferença aqui entre ataque às instituições e a questão da legalidade”, aparteou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Sabemos aqui que, nesses episódios, foram cometidas ilegalidades. Infelizmente, crimes. Vocês do PSDB estão se calando em um momento muito importante da história do país. Estamos criando um embrião do Estado de exceção dentro do Estado Democrático de Direito, ovo da serpente, que vai se voltar contra todos, contra todos”, argumentou Lindbergh.

Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o país está “entrando em uma quadra complicada, uma quadra em que os meios justificam os fins”. “Nós não podemos concordar com excessos e quando os excessos se repetem é porque são deliberados e, quando são deliberados, é porque, aí, o objetivo está acima da lei”, afirmou.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que já foi ministra-chefe da Casa Civil no primeiro governo da presidenta Dilma, também rebateu as acusações de que o ex-presidente Lula teria sido nomeado ministro para evitar que ele fosse investigado e eventualmente julgado pelo juiz Sérgio Moro, que comanda os processos relativos às investigações da Operação Lava Jato, na 13ª Vara Federal de Curitiba. Segundo ela, considerar que o foro privilegiado de ministros significa impunidade é um “desrespeito com o Supremo Tribunal Federal”.

“Não é possível que o Supremo Tribunal Federal não seja capaz, não seja qualificado para fazer o julgamento de quem quer seja, inclusive do ex-presidente Lula. Não sei por que essa ânsia de que deveria ter ficado com o juiz Sérgio Moro, porque o presidente [Lula] assumiu ou não poderia assumir um cargo para não ter foro privilegiado. É como se nós desrespeitássemos o Supremo Tribunal Federal”, disse.

 

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