No Recife, manifestantes lotam ruas do centro contra impeachment de Dilma

Convocado pela Frente Brasil Popular

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Convocado pela Frente Brasil Popular

A manifestação contrária ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) e a favor da democracia no Recife ocupou as ruas do centro da cidade na tarde e noite de hoje (18). Convocado pela Frente Brasil Popular, que reúne dezenas de partidos e movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o ato começou às 15h na Praça do Derby, zona central da capital pernambucana.

Às 17h os manifestantes saíram em caminhada até a Praça da Independência. No percurso, lotaram a Avenida Conde da Boa Vista, uma das maiores da região. Em meio à manifestação, se destacava a presença de grupos de maracatus, de caboclinhos (manifestação cultural popular de Pernambuco), bonecos gigantes de Olinda até o dragão de pano do bloco de carnaval Eu Acho é Pouco. A maior parte das pessoas vestia vermelho, mas muitos optaram pelo verde e amarelo, entre bandeiras do Brasil e de Pernambuco.

Cartazes e faixas pediam a continuidade de Dilma Rousseff na Presidência da República, demonstravam apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticavam o juiz Sérgio Moro e a Operação Lava Jato. A taxação de grandes fortunas e a reforma política também apareceram entre as reivindicações.

Além de militantes de movimentos sociais de várias áreas, indígenas, homossexuais e estudantes, pessoas que não fazem parte de organizações mas que julgam a tentativa de impeachment como uma tentativa golpe de Estado também se juntaram à manifestação.

“Vim participar em razão dos ataques às garantias individuais e coletivas do cidadão brasileiro, o desrespeito à Constituição que tem se verificado nos últimos meses, mas sobretudo em defesa da democracia nesse país. É preciso que a gente passe a respeitar, e de forma duradoura, as regras e o jogo democrático, saiba sobretudo perder e respeitar resultado das urnas. Nesse país se quer ganhar as coisas pela força, como já aconteceu”, disse o professor universitário José Batista, 60 anos.

O estudante de administração Ivanildo Carneiro, 22 anos, segurava um cartaz em que acusava Moro de combate seletivo à corrupção. Na opinião do universitário, o alvo principal do juiz é o PT, apesar de outros partidos e políticos serem citados em delações premiadas da Lava Jato. “Eu sou contra a corrupção e sou contra a forma que o Moro está fazendo as investigações. Acho que ele está indo só para o lado do PT, tem que investigar todos da mesma forma, igualmente”, critica.

Alguns manifestantes defendiam diretamente o governo de Dilma e também do ex-presidente Lula, sob argumento de avanços sociais, como Lindalva Ernestina, 57 anos, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Altinho, município do interior de Pernambuco. “Estamos aqui em prol de Dilma e de Lula. A fome no Brasil só acabou com Lula no poder, e agora com Dilma”, defendeu.

A assistente social Wanessa Pontse, 28 anos, de Olinda, disse que o país melhorou nos anos de governo do PT. “Não é uma questão do que o governo não está fazendo, mas do que está impedido de fazer. Quando a gente analisa o histórico, a gente vê que houve avanços, mas o cenário econômico também está desfavorável. A crise de 2008 a gente está sentindo agora. Não podemos descolar o cenário nacional do internacional”, analisou.

Entre os presentes também havia críticos ao PT e ao governo atual, mas que consideram que o impeachment não é o caminho, caso da universitária Telma Pinheiro, 21 anos, que não participa de nenhum movimento organizado. “Vim manifestar minha opinião, meu direito, a favor da democracia e temendo um golpe de Estado. Não sou petista, não concordo totalmente com a política do PT mas acho importante manifestar minha opinião”.

Militantes do PSOL, partido com muitas críticas ao governo Dilma Rousseff, também participaram do ato de hoje no Recife. O historiador Gilberto Borges, 41, disse que, apesar de não concordar com o programa político do PT, resolveu ir ao ato por entender que a democracia está ameaçada. “O PSOL acredita que as medidas econômicas e as alianças políticas do PT estão prejudicando os trabalhadores, mas a gente está aqui em defesa da democracia, do direito de se manifestar. O Judiciário brasileiro foi contaminado partidariamente, está sem legitimidade para julgar ninguém”, avaliou.

Presença de políticos

Políticos também participaram do ato, entre eles o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE), que defendeu o governo e criticou o processo de impeachment em discurso feito em cima de um dos trios elétricos.

Costa disse que está seguro que a oposição sairá derrotada. “Não vai ter impeachment. Vamos matar essa brincadeira com 30 dias. O problema é o seguinte: esse impeachment não tem base jurídica, foi fruto do ódio de Eduardo Cunha [presidente da Câmara]”, disse em entrevista após o discurso. Ontem (17), a Câmara criou a comissão especial que vai analisar o processo contra Dilma.

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