Em ano de crise, deputados viajam 235 vezes por 37 países
235 viagens internacionais
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235 viagens internacionais
Em ano de recessão e problemas de caixa para todas as esferas de governo, os deputados federais fizeram 235 viagens internacionais em missões oficiais por 37 países. O valor dos gastos com passagens nesta modalidade não é disponibilizado pelo site da Câmara, que mostra só os valores gastos nas diárias.
Genebra, na Suíça, foi o principal destino dos parlamentares, que visitaram a cidade 26 vezes. A cidade abriga a sede europeia da Organização das Nações Unidas (ONU) e é também conhecida pelos seus bancos muito utilizados por quem quer segurança e discrição. Em segundo lugar fica Paris, na França, com 25 missões oficiais. A Cidade Luz recebeu, em dezembro, a 21ª conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, o evento garantiu a passagem e demais gastos de 14 parlamentares.
Nova York, um dos maiores centros financeiros e comerciais do planeta, onde fica a sede mundial da ONU, foi apenas o terceiro local mais visitado, recebendo 21 missões parlamentares. Apenas para participarem como observadores da 70ª Assembleia Geral da ONU, seis parlamentares tiveram voos e hospedagens pagos com dinheiro público.
Embora os Estados Unidos tenham sido o país que mais recebeu parlamentares, com 41 missões oficiais, a capital política dos norte-americanos recebeu menos representantes que Moscou, na Rússia. Washington foi destino de 15 deputados federais, Moscou recebeu nossos parlamentares 19 vezes.
Com a criação dos Brics, os contatos com a Rússia aumentaram, mas o mesmo não se pode dizer em relação aos parceiros do Mercosul, que tiveram um número muito menor de visitas. Buenos Aires, na vizinha Argentina, recebeu apenas seis parlamentares. Paraguai, Venezuela, Uruguai, Colômbia e Equador não receberam nenhum parlamentar em missão oficial.
Já a capital do Panamá, na América Central, recebeu 11 parlamentares, a maioria deles para reuniões das comissões do Parlamento Latino-Americano.
Insólitos. As reuniões do Parlamento Latino-Americano foram responsáveis por 24 viagens. Entre elas três passagem para a paradisíaca ilha de Aruba, território menor que a capital mineira todo coberto por praias, resorts e deserto, também na América Central, para os deputados Antônio Imbassahy (PSDB-BA), Cabuçu Borges (PMDB-AP) e Heráclito Fortes (PSB-PI). Países como Trinidad e Tobago, Cazaquistão e Azerbaijão também foram desbravados pelos políticos brasileiros.
Para o pagamento das diárias em viagens oficiais, a Câmara cobra a apresentação de um relatório com os horários de translados. Em geral, os documentos apresentados são pouco esclarecedores sobre os temas discutidos e muitos apresentam apenas os horários dos debates nos eventos realizados. São raros os relatórios precisos e realmente informativos sobre os avanços e discussões realizadas graças às missões. Não é raro encontrar justificativas de apenas uma página.
Efeito Moro
Investigação. Das 276 viagens domésticas feitas pelos deputados federais no ano passado, 33 tiveram como destino Curitiba, para a realização de diligências e oitivas em de detidos pela Operação Lava Jato. Presidente de comissão acha que houve exagero
A presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), fez apenas uma viagem em 2015 em missão oficial, quando participou 51ª Feira de Aviação Le Bourget, em Paris. Ela relata que caberia a sua comissão a aprovação das viagens feitas, mas que uma mudança nos andamentos internos da casa, retirou esta prerrogativa. A função passou a caber à Secretaria de Relações Internacionais, vinculada à presidência da Câmara, exercida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Morais acredita que o número de viagens feitas em 2015 é exagerado. “Existe um conjunto de iniciativas que são tomadas, que ajudam a desenvolver relações com outros países, mas isso não justifica o elevado número de viagens”, avalia.
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