Membros do PR barraram filiação de vereador 

A deputada estadual Grazielle Machado (PR) usou seu perfil no Facebook nesta sexta-feira (18) para denunciar o preconceito dentro do próprio partido. A parlamentar relatou que foi a , distante 342 quilômetros de Campo Grande nesta quinta para filiar um vereador e que ele não foi aceito por ser homossexual.

“Repartindo a minha dor: ” Ontem, fui filiar o vereador Ailton, no PR, para concorrer com força, como prefeito. E, o presidente do partido de Amambai, Dirceu Lanzarine, junto uma comitiva de vereadores como Fisher, etc… Não me deixaram filiar”. Sabe porque? Porque, Ailton é gay. O Partido da República, em Amambai, não me representa”, desabafou.

Em conversa com o Jornal Midiamax, o vereador afirmou que viu a postagem da deputada. “Essa justificativa ela deve ter ouvido diretamente dele, mas para mim só disseram que não seria possível a minha filiação”.

Para Ailton, esse deve ser um posicionamento do presidente municipal do partido. “Eu acredito que ele não queira alguém com a minha orientação sexual como prefeito, mas este é um posicionamento dele. É lamentável que no ano em que estamos isso ainda aconteça. De qualquer forma, sou pré-candidato pelo PSB a prefeito”, argumentou.

Ailton disse que não tomará nenhuma medida judicial contra o partido pela discriminação. “Isso não me atinge. Sigo com meus projetos e pensando no bem da minha cidade. Eu só acho lamentável e desagradável ainda ter que lidar com este tipo de situação”, finalizou.

Desabafo

Na tarde desta sexta-feira (18), a deputada Grazielle Machado procurou o Jornal Midiamax para complementar a matéria. “A reportagem está correta, não tem nada de errado, mas queria muito dar uma declaração sobre isso. Nós estamos vivendo um momento em que as pessoas precisam ter as escolhas e as realidades respeitadas. Fui a Amambai filiar o professor Ailton e me deparei com essa barreira no diretório municipal do PR, cujo presidente é o Dirceu Lazarini. Aliás, não só ele, mas o vereador Fischer e outras pessoas recusaram a filiação do Ailton por conta da orientação sexual dele e isso está me agredindo muito”, declarou, por telefone.

A deputada acrescentou que a conduta do diretório em Amambai é incompatível com o que o PR defende. “Estou muito emocionada por relatar isso. Está doendo na minha própria carne, que é o meu partido. No PR tem muita gente boa, é um partido eclético, laico, de pessoas boas. E dói muito em mim porque é com essas atitudes que ele perde credibilidade. Felizmente, nem todo mundo comunga com a decisão preconceituosa do PR de Amambai. Eu e o presidente estadual da legenda, Londres Machado, não concordamos. O deputado Paulo Correia também não”.

Segundo Graziela, se os planos do vereador Ailton de disputar a prefeitura de Amambai continuarem, ela subirá em seu palanque. “Mesmo contra o meu partido eu estarei no palanque dele, porque eu sou a favor da igualdade”, concluiu.

 

(Matéria editada às 15h31 para acréscimo de informações)