Após repercussão, Juiz manda MPE investigar suposto ‘mensalinho’

Caso veio à tona após ação em Bela Vista

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Caso veio à tona após ação em Bela Vista

Baseado em diálogos e documentos apresentados em ação popular denunciando suposto esquema de ‘mensalinho’ em Bela Vista, o juiz Vinicius Pedrosa Santos remeteu os autos ao Ministério Público de Porto Murtinho para apurar sobre a veracidade de afirmação feita pelo vereador Alcyr Mendonça de que o prefeito de Porto Murtinho, Heitor Miranda (PT), mantém esquema de propina para segurar maioria na Câmara Municipal da cidade.

“Traslade o feito e remeta ao Ministério Público de Porto Murtinho, haja vista as assertivas de fl. 3 de que Alcyr Mendonça tem negócio com o Heitor e paga R$ 5.000,00 mensais a seis vereadores, a fim de que o prefeito tenha maioria na Câmara de Vereadores daquele município”, diz a decisão proferida na tarde desta quarta-feira (21).

Alcyr, que é presidente municipal do PMDB de Bela Vista conforme informações do próprio diretório, foi gravado no dia 7 junho, um dia após a cassação do atual prefeito Douglas Gomes (PP), por um servidor da SAEE (Serviço autônomo de Água e Esgoto) de Bela Vista, na qual sugere uma espécie de ‘mensalinho’ na Câmara para garantir governabilidade e permanência do prefeito no cargo.

No áudio o peemedebista afirma que ele mesmo paga R$ 5 mil por mês para seis vereadores de Porto Murtinho. “Eu tenho negócio com Heitor, lá de Porto Murtinho, eu pago seis vereadores para ele, R$ 5 mil por mês. Os vereador não tem cargo, não gasolina, não porra nenhuma, não tem nada, e vota tudo com o Heitor, e o Douglas deixa passar” (sic)”, diz o vereador em um dos trechos do diálogo, fato que levou o juiz enviar o processo também ao MP daquela cidade.

Após repercussão, Juiz manda MPE investigar suposto 'mensalinho'Ao Jornal Midiamax, Heitor disse não conhecer Alcyr. “Nunca ouvi nada sobre isso, não tenho nem conhecimento. Isso é leviandade”, afirmou o petista que garantiu não ter nem mesmo seis legisladores em sua base aliada.

Bela Vista – Já sobre o município ao qual a ação popular foi ingressada, o magistrado deferiu parcialmente os pedidos feitos. Ele mandou que as três comissões instauradas para cassar Douglas sejam suspensas até o julgamento do processo, sob pena de R$ 50 mil. Contudo, negou afastamentos dos supostos envolvidos no esquema, os vereadores Johnys Basso (DEM), Lucinete Leite (PMDB), Veriano Hoffmeister (PT) e Izabelino Fleitas (SD).

O juiz alega que, embora seja admissível o pedido de afastamento, “não obstante a gravidade dos fatos imputados aos demandados, inexistem elementos concretos a demonstrar a necessidade de afastamento deles do exercício do cargo de vereador para a instrução processual, única hipótese a justificar a imposição da medida cautelar prevista no art. 20, parágrafo único,da Lei 8.429/92, sob pena de grave lesão à ordem pública institucional”.

Caso – Na peça jurídica, outro trecho da gravação é citada. O peemedebista, teria tentado chantagear o prefeito para exonerar a secretária municipal de Fazenda, que não teria aceito participar do esquema para pagamento de um ‘salário extra’ de R$ 5 mil para cada vereador da base aliada.Vereador do PMDB de Bela Vista foi flagrado em áudio sugerindo 'mensalinho'

O atual prefeito era vice de Renato Rosa, encontrado morto em outubro do ano passado. Rosa havia sido eleito em um pleito suplementar em julho de 2013 e quando morreu estava afastado do cargo pela Justiça depois de uma investigação de improbidade administrativa. O vencedor das eleições de 2012, Abraão Zacarias (PMDB), foi cassado pela Justiça Eleitora por abuso do poder econômica durante a campanha.

Alcyr foi líder de Douglas na Câmara, e depois tornou-se opositor do prefeito, sendo inclusive membro de duas comissões processantes que queriam saída de atual Chefe do Executivo Municipal.

O peemedebista foi procurado pela reportagem e negou que tenha proposto pagamento de mensalinho na Câmara de Bela Vista e também que faça repasses a vereadores de Porto Murtinho. “Não tem nada disso, não”, garantiu.

No entanto, o vereador do PMDB admitiu que foi gravado sem saber. “Isso ai é o seguinte. É o diretor do SAEE, eu chamei ele e falei, olha os caras vão te denunciar porque você está fazendo 40 hora extra pra cada funcionário administrativo, e não pode. Daí ele pegou gravou e largou isso ai. Ai me mandou me ameaçar pra não denunciar ele”, respondeu o parlamentar.

Em 2014 o vereador chegou a ser preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), juntamente com o ex-prefeito Abraão Zacarias, durante a Operação Carta Marcada, que investigou crimes associação criminosa, fraudes em licitação e falsidade documental.

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