Prefeito afirma que ameaças causam instabilidade política

Desde que o presidente afastado da Câmara de , Mário Cesar (PMDB), confidenciou a alguns parlamentares que pode renunciar, o prefeito de Campo Grande, (PP), afirma  que não tem encontrado paz. Diariamente ele diz que é informado por alguém que “outro ” pode estar sendo armado para voltar a tirá-lo da Prefeitura, sem, entretanto, dar pistas ou informar se já de conhecimento das supostas ameaças aos órgãos competentes.

Segundo essa suposta denúncia, a disputa pela presidência da Câmara decorreria do desejo, no caso de renúncia de Mário César,  substituir o presidente afastado, supondo que já estaria planjeado o afastamento de Bernal e, consequentemente, a Prefeitura. Isso porque, com afastamento de Gilmar Olarte (PP), o presidente da Câmara ocuparia o cargo interinamente.

“Isso é muito preocupante e causa instabilidade política. Quem fez a cassação do mandato? Quem coordenou? Quem foi flagrado? Além de ter que enfrentar desafios dos problemas diários, auditar toda realidade encontrada, ter que pagar servidores, ainda fico sofrendo ameaça de novo golpe. Em todos os lugares, todo mundo fala”, reclamou.

Bernal conta que recebeu uma ligação às 5 horas da manhã de pessoas relatando possível armação para tirá-lo do cargo. “O povo fala que gente ligada a fulano ou a sicrano estão se organizando para encontrar um jeito de me afastar. São pessoas muito próximas a vereadores. A própria investigação do Gaeco traz informações muito grandes de que se reuniam para traçar, organizar e consumar a cassação do meu mandato (em outra oportunidade)”.

Bernal, entretanto, não aponta nem nomina de onde partem as informações, o que poderia contribuir para as investigações em curso sobre o procedimento de sua cassação.  No período anterior o prefeito praticou essa mesma estratégia de enfrentamento subliminar com a Câmara, ao invés de buscar a formação da maioria necessária para aprovar seus projetos.

O prefeito não entende que seu cargo é instável, a despeito da decisão judicial que lhe devolveu o posto não seja definitiva. Ele ressalta que não é uma liminar que o mantém no cargo, mas uma tutela antecipada, que lhe garantiu o retorno. “A tutela é uma sentença de mérito que reconhece a verdade dos fatos nas provas que estão no processo e antecipa para evitar que o dano seja irreparável. Não estou no cargo por liminar. Ganhei a eleição nas urnas. Mas esta instabilidade é comentada amplamente e repercute muito forte”, afirmou.

Com um mês no cargo, desde que participou do desfile de aniversário de Campo Grande, já na agenda como prefeito, Bernal ainda calcula prejuízos e acredita que a cidade precisará de oito anos para se recuperar. No momento, segundo ele, o trabalho é de ações imediatas, para conter estragos, e levantamentos que serão encaminhados a outras instituições.

“Estamos fazendo levantamentos, procedimentos administrativos e vamos comunicar imediatamente ao Ministério Público Estadual e Federal, que são defensores da sociedade e da administração pública e podem entrar com ação de improbidade, sequestro de bens e invocar o Judiciário”, relatou.

Bernal diz que espera término das investigações da Coffee Break para que se estabeleça uma relação menos conturbada entre os Poderes. “Preciso que se resolva esta questão de ordem criminal da Câmara, até para estabelecer uma relação. A gente sabe que tem vários investigados. Tem que saber o que vai acontecer, para que possa existir uma relação republicana e institucional. Embora eu não vá participar diretamente, caso o Mário renuncie, vou torcer para que se eleja alguém que tenha disposição de uma relação de estabilidade política dentro do Município”, concluiu.

Como da vez anterior, o prefeito aponta obstáculos para construção desse caminho com o Legislalivo e, desta vez,  ainda não conseguiu se entender com os vereadores do PT, seus aliados de primeira hora e que se mantiveram em sua defesa durante o período de seu afastamento.

O vereador João Rocha (PSDB) é um dos que mais articulam para chegar a presidência na Câmara. Embora ele não admita, já fez reuniões com o partido dele e com vereadores em busca da maioria.  Flávio César (PTdoB) é vice, mas a Câmara precisará fazer nova eleição caso Mário renuncie. Apesar das campanhas nos bastidores, a maioria dos parlamentares prefere manter o silêncio, visto que o peemedebista ainda não oficializou a saída.