Por 59 a 13 votos, senadores decidem manter Delcídio do Amaral preso
Sessão de julgamento durou quase cinco horas
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Sessão de julgamento durou quase cinco horas
Após quase cinco horas de sessão extraordinária, os senadores decidiram manter Delcídio do Amaral (PT) preso por 59 a 13 votos e uma abstenção. A Mesa Diretora opinou pelo voto secreto, mas acabou vencida pela maioria por 52 votos a 20. Os sul-mato-grossenses, Waldemir Moka e Simone Tebet, ambos do PMDB, se manifestaram em favor da votação transparente.
Os legisladores lamentaram o episódio vivido pela primeira vez. “É um dia triste porque estaremos não apenas fazendo o noticiário de amanhã, mas fazendo a história”, disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL).
“Por um dia o Senado foi Delcídio do Amaral e o que ele fez foi errado, então é com muito constrangimento que votamos sim. Nunca passei por um dia mais constrangedor em todo minha vida pública e estou no quarto mandato”, resumiu José Agripino (PDT). “Supremo decidiu com o fígado, não com a constituição. Supremo é grande, mas não é maior que esta Casa”, avaliou Donizeti Nogueira (PT/TO) favorável ao relaxamento da prisão.
“Hoje temos que acatar e cumprir decisão do Supremo por unanimidade. Devemos manter longe do dilúvio de ódio e paixões, temos por Delcídio imenso apreço, mas quem tomou decisão foi o Supremo que jamais seria errôneo. Acatar é dever de consciência, pesarosamente eu voto contra o relaxamento”, disse Marcelo Crivella (PRB/RJ).
Além de 73 senadores em plenário, a Casa de Leis contou com a presença de deputados federais. A situação é inédita na história do Brasil, Delcídio foi o primeiro senador a ser preso. O pedido de cárcere foi feito pelo STF (Supremo Tribunal Federal) com base em denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) que o acusa de obstruir investigação da Operação Lava Jato.
Caso – Delcídio é líder da presidente da República Dilma Rousseff (PT), já prestou depoimento à Polícia Federal e permanece preso desde a madrugada desta quarta-feira (25). Nas oitivas colhidas no decorrer da investigação o ex-diretor na estatal, Nestor Cerveró, citou o nome do petista na articulação para compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), contrato esse supostamente usado para desvio de dinheiro público e caso que desencadeou a Lava jato.
O petista teria ofertado mesada de R$ 50 mil para que Cerveró não aceitasse delação premida, bem como não mencionasse seu nome à polícia. A conversa foi gravada por um filho do ex-diretor e repassada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao Supremo para embasar o pedido de prisão.
Ele também traça rota de fuga ao depoente e afirma que o “foco” deve ser tirar o ex-diretor da Petrobras da prisão”. “Agora a hora que ele sair tem que ir embora mesmo”, sugere. O filho de Cerveró, então, cogita fugir pela Venezuela, mas o senador diz que seria melhor sair do Brasil pelo Paraguai, país que faz divisa com Mato Grosso do Sul.
Além dele, também foram presos o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado de Nestor Figueiró, Édson Ribeiro, e o banqueiro do BTG Pactual, André Esteves. O PT nacional disse não ser obrigada a se solidarizar à situação e se desvinculou dos acontecimentos em nota oficial assinada pelo presidente Rui Falcão.
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